Lançado há um ano pelo governo federal, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aposta num tipo de modelo de crescimento econômico diferente das necessidades do país. Essa é a avaliação do pesquisador Carlos Tautz, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).
“Nossa necessidade é de desenvolvimento econômico e social. O PAC aposta na melhoria e na construção de infra-estrutura voltada para a exportação e a demanda do mercado externo”, observa. “Isso significa ratificar um modelo de crescimento econômico que vem sendo adotado no Brasil desde 1500 e que produziu as injustiças sociais que são vistas hoje.”
O pesquisador diz também que o PAC repete projetos de governos anteriores e afirma que os investimentos em infra-estrutura não garantem o desenvolvimento do país. “Eles podem fazer com que alguns setores da economia tenham alguma vitalidade, como os exportadores, mas necessariamente não significam desenvolvimento econômico e social para o país como um todo”, afirma.
Tautz, no entanto, admite que o PAC é positivo por retomar o investimento em algumas áreas de infra-estrutura social, como saneamento e habitação. “É bom que se faça isso, mas ainda é insuficiente para zerar os déficits nessas áreas”, ressalta. “É inconcebível que o Brasil, do porte da sua economia, no século 21, ainda tenha um nível tão baixo de atendimento aos serviços de saneamento e um déficit habitacional tão alto.”
(Por Sabrina Craide, Agência Brasil, 21/01/2008)