O caseiro Cícero Geraldo da Silva, internado no Hospital Regional do Gama há duas semanas com febre amarela, culpou a falta de vacinas nos postos de saúde de Luziânia (GO) pela infecção dele e a morte do irmão. Segundo Silva, ele e o irmão, o também caseiro José Geraldo da Silva, que morreu há uma semana com febre amarela, procuraram os postos de saúde da cidade, mas não encontraram a vacina contra a doença.
Cícero Geraldo da Silva é o único dos quatro pacientes internados no Distrito Federal com febre amarela que sobreviveu. “Procurei, mas ainda não haviam chegado vacinas. Depois de alguns dias, eu comecei a sentir os sintomas da doença.”
O caseiro contou que não tomava a vacina há 15 anos e que só se preocupou quando recebeu as primeiras notícias sobre o avanço da doença em Goiás. Ele disse que ficou surpreso com a notícia da morte do irmão.
“Não sei como pode ter ocorrido uma tragédia dessa. É uma triste coincidência", afirmou, referindo-se ao fato de ambos terem contraído febre amarela.
Cícero Geraldo da Silva acredita ter sido infectado na zona rural de Luziânia, cidade que fica a cerca de 50 quilômetros de Brasília. O mais provável, segundo ele, é que tenha sido picado pelo mosquito transmissor da doença na fazenda onde o irmão trabalhava.
“É só uma suspeita, mas acredito que tenha sido lá mesmo. Até porque já haviam sido encontrados lá os mosquitos que transmitem a doença.”
A Secretaria de Saúde de Goiás rebateu as críticas, por meio da assessoria. Segundo o órgão, os dois infectados pela febre amarela tiveram tempo para se vacinar e, no entanto, não o fizeram antes que os postos de saúde estivessem superlotados.
(Por Flávio Gusmão, Agência Brasil, 21/01/2008)