Bem já havia sido confiscado do traficante e foi levado a leilão. Incra descarta área para produção
Trezentas famílias do Movimento dos Sem-Terra (MST) invadiram, por volta das 5h de ontem (21), a fazenda Finca, no interior do município de Guaíba. A propriedade, com 129 hectares, é um dos bens confiscados pela Justiça de São Paulo do traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía. Os integrantes do MST chegaram à fazenda em nove ônibus vindos dos acampamentos de Nova Santa Rita e Charqueadas. Pela manhã, começaram a montar o acampamento ao longo da via de acesso à casa principal da Finca.
Uma viatura da Brigada Militar chegou ao local às 10h20min para acompanhar a movimentação dos sem-terra. Dois policiais militares monitoravam a situação em frente à propriedade. No final da manhã, agentes da Polícia Federal chegaram ao local, mas o clima na área era tranqüilo.
O coordenador regional do MST, João Amaral, afirmou que o objetivo da invasão é pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a cumprir o acordo de assentar mil famílias até abril no RS, assumido em novembro como condição para o movimento terminar com a marcha dos integrantes até a Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul. 'A expectativa é que o Incra negocie essa área com o Ministério da Justiça para fins de desapropriação', afirmou Amaral.
A Superintendência Regional do Incra informou, em nota, que a fazenda Finca foi avaliada por uma equipe de engenheiros agrônomos e que, segundo análise, a área não apresenta viabilidade de exploração agrícola e pecuária, como reivindicam agricultores do programa de assentamentos do RS. A nota diz ainda que o solo da Finca é impróprio para agricultura e garante que parte da área é de preservação permanente. 'O imóvel possui benfeitorias que elevam seu valor. Não há, portanto, razões para que o Incra/RS participe do leilão desse imóvel', diz a nota. No texto, o Incra afirma que cumprirá o acordo de assentar mil famílias no RS até abril.
Em nota, o MST diz que 'o agronegócio tem sido uma das principais formas de lavagem de dinheiro do crime organizado'. O movimento reivindica ainda ao governo do Estado a compra e destinação da fazenda Palermo, em São Borja, para assentamento.
(Correio do Povo, 22/01/2008)