Estudioso diz que há exagero nas recomendações do Ministério da Saúde
Um dos maiores especialistas em doenças tropicais no mundo, o médico Luiz Hildebrando Pereira da Silva diz que o governo pode ter exagerado ao estender a recomendação de vacinação contra a febre amarela para além de áreas de matas, conforme instrução divulgada pelo Ministério da Saúde brasileiro. A recomendação do governo abrange também áreas urbanas. A vacina traz riscos, destaca, e deve ser administrada com cuidado.
— Não se pode fazer vacinação preventiva de população de uma área só porque apareceram casos em pessoas que invadiram área de floresta ou passaram dias em ecoturismo. Isso não coloca em perigo a população das áreas que não estão com esse mesmo tipo de comportamento e, na minha maneira de ver, foi um erro estratégico do Ministério da Saúde. Não haveria a necessidade disso — afirmou Silva, diretor do Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais de Rondônia.
Até sábado, 31 pessoas já tinham apresentado reações adversas à vacina, principalmente em razão do recebimento de mais de uma dose em curto espaço de tempo, admitiu o ministério. Foi identificada até mesmo uma pessoa que recebe a vacina há quatro anos sistematicamente.
A instrução do ministério diz que vacina só deve ser tomada por pessoas que ainda não tenham sido imunizadas ou que tenham sido há mais de dez anos e que vivam ou se dirijam para áreas de risco — atualmente, a maior parte do país, exceto grande extensão da costa brasileira.
(Diário Catarinense, 20/01/2008)