Em meio ao risco de mais um racionamento no Brasil, autoridades, especialistas e até consumidores admitem que desperdiçam grande parte da energia gerada no país - 10%, segundo estimativas oficiais. Isto significa que vão para o ralo R$ 9,727 bilhões ao ano, o equivalente ao consumo anual das residências de Nordeste, Sul e Centro-Oeste (36,936 Twh ou milhões de MWh) ou dos consumidores industriais e comerciais da Região Sul em um ano (38,562 Twh). Além da descontinuidade de programas educativos e hábitos errados, o preço e a desinformação sobre produtos mais eficientes são incentivos extras ao esbanjamento.
O caso das geladeiras, que respondem em média por 22% do consumo residencial no Brasil, é emblemático. Segundo pesquisa do GLOBO numa loja do Ponto Frio em Brasília, um consumidor que queira comprar um refrigerador na casa dos 300 litros mais econômico - selo A do Procel, numa escala que vai até G - terá que desembolsar até R$ 1.300 mais.
Segundo o Programa Nacional de Conservação de Energia (Procel), esta escolha pode reduzir em 2,7% o consumo mensal de uma família - o equivalente ao gasto médio com ferro de passar roupa ou com a aparelhagem de som. Por isso, especialistas como o professor da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia (Coppe) da UFRJ Luis Pinguelli Rosa defendem que deve haver incentivo tributário para reduzir os preços dos eletrodomésticos mais econômicos.
Eletrodomésticos ineficientes serão proibidos em 2009
Eletrodomésticos obrigatórios nos lares brasileiros que sejam ineficientes do ponto de vista da economia de energia terão sua comercialização proibida a partir de 2009. A determinação é do governo federal, baseada na Lei de Eficiência Energética 10.295, aprovada em 2001, na esteira do racionamento. A proibição valerá inicialmente para refrigeradores, freezers, ar-condicionado, fogões e fornos a gás.
Em 90 dias, a importação de unidades fora dos parâmetros técnicos - sem selo Procel ou com classificação abaixo de E (inclusive) - já estará proibida. Em 12 meses, a produção e a venda estarão vetadas. O governo também corre contra o relógio para certificar equipamentos, até para poder contar com a contribuição dos lares menos favorecidos no esforço de economia de energia.
(Mônica Tavares e Henrique Gomes Batista, O Globo, 20/01/2008)