Obras em Candiota, no sul do Estado, devem ter início em março
Até março, deve ser confirmado o início das obras da usina térmica Seival, abastecida a carvão, em Candiota. Segundo Manoel Zaroni Torres, presidente da Tractebel, empresa que adquiriu o projeto da mineradora Copelmi e agora planeja fazer a termelétrica deslanchar ainda no primeiro semestre de 2008, depois de resolver "pendências regulatórias" sobre a transmissão de energia para o Uruguai.
Para quem estranha que um projeto de geração de energia, num momento em que o abastecimento é crítico no Brasil, tenha outro país como principal cliente, Zaroni explica:
- Por incrível que pareça, exportar é mais viável do que vender para o mercado interno.
Segundo o executivo, isso ocorre porque a carga tributária e os tetos de venda nos leilões fixados até agora se combinam para deixar o carvão gaúcho pouco atrativo como combustível. Um dos exemplos é a isenção do pagamento de PIS/Cofins na exportação, que já alivia o custo de 9,25%. Zaroni adianta que os contratos de compra de energia com os uruguaios estão "bastante adiantados".
- A Argentina era a grande fonte de energia da América Latina. Tinha contratos para fornecer para o Uruguai que viraram pó depois que ficou claro que uma fonte segura não existe. A situação de abastecimento de energia é crítica, e eles estão dispostos a adquirir a um preço muito alto - explica.
Quanto às "pendências regulatórias", Zaroni detalha que é preciso um acordo entre os dois governos para dar segurança aos contratos. A compradora é a Usinas y Transmisiones Eléctricas de Uruguay (UTE), uma espécie de Eletrobrás do país vizinho. Com transmissão dedicada (que serve apenas para esse transporte), também é eliminado o custo do uso das linhas no Brasil, que tem aumentado muito nos últimos anos.
Quando comprou o projeto da Seival - já bastante adiantado, com licença ambiental - , a Tractebel suspendeu o avanço das tratativas para a Termopampa, outra térmica a carvão que vinha desenvolvendo para a mesma região. Se ambas vão sair do papel, vai depender da situação do mercado interna e externa, condiciona Zaroni:
- Podem ser duas, mas pode ser uma.
Para o executivo, a alternativa apontada pela MPX para a construção de Seival 2 - vender energia no mercado livre - não dá segurança ao investidor, ao menos do ponto de vista da Tractebel. Nesse momento, os preços deram um salto de quase 10 vezes, mas na avaliação de Zaroni esse patamar pode não se sustentar se começar a chover intensamente e os reservatórios das hidrelétricas voltarem a encher.
- Esse preço é conjuntural. No ano que vem, pode não ser nem metade disso - justifica.
(Por Marta Sfredo, Zero Hora, 20/01/2008)