O Rio de Janeiro ainda não virou um canteiro de obras um ano depois do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Disputas judiciais, pendências ambientais, atrasos em licitações e até falta de projetos estão represando pelo menos R$ 9,555 bilhões em investimentos no estado. À exceção dos empreendimentos com a digital da Petrobras, apenas duas das dez principais ações listadas no plano federal para a região saíram do papel.
Na área de energia, está em andamento a construção da Usina Hidrelétrica de Simplício, que custará R$ 1,3 bilhão. Em habitação, dos R$ 3,58 bilhões acertados, apenas R$ 201 milhões para urbanização de favelas viraram obras: no Pavão-Pavãozinho e bairros de Nova Iguaçu.
O longo período de negociação com a União, as contestações devido a questionamentos ambientais e o burocrático processo das licitações acabaram fazendo com que todos os empreendimentos da área de saneamento, a maioria esmagadora da carteira de habitação e intervenções logísticas essenciais, como o Arco Rodoviário, a reforma do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) e a restauração das estradas federais privatizadas, só ganhem o pontapé inicial após o carnaval. O montante de investimentos leva em consideração o período 2007-2010.
Às vésperas da divulgação do balanço geral do PAC pelo Executivo, na próxima terça-feira, no Palácio do Planalto, a realidade do Rio pode ser extrapolada para o restante do país: ainda é um desafio converter os históricos níveis de empenho orçamentário e as bem sucedidas licitações em canteiros de obras de Norte a Sul do país.
Investimento com dinheiro do FGTS depende da CVM
Os fundos de investimentos voltados à aplicação de recursos em infra-estrutura darão, em 2008, uma contribuição valiosa às obras que visam à redução dos gargalos logísticos, especialmente aquelas que integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os fundos de investimento em participações (FIPs), inflados pelas entidades de previdência privada das estatais (como Previ e Funcef), e o fundo formado por recursos do FGTS, que finalmente entrará em ação, um ano após seu lançamento, estão programando aplicar em empreendimentos das áreas de energia, rodovias e portos, entre outros, R$ 10 bilhões ao longo deste ano.
(Por Geralda Doca e Flávia Barbosa, O Globo, 19/01/2008)