O governo australiano resgatou os dois ativistas da organização Sea Shepherd que estavam detidos no baleeiro japonês Yushin Maru 2, pondo fim a um impasse de dois dias. A intermediação da Austrália põe em evidência a disputa travada todos os anos nos remotos e perigosos mares do sul. O ministro do Exterior australiano, Stephen Smith, disse que o navio de seu país resgataria os dois ambientalistas e os levaria ao navio da organização, que tentou impedir o baleeiro de participar de sua temporada de caça.
— A motivação do governo australiano é assegurar, tão rápido quanto possível, a transferência para não haver dúvidas sobre o bem-estar e segurança dos dois homens — disse a repórteres na cidade de Perth.
A Austrália é um forte oponente do programa de caça às baleias japonês e enviou, no mês passado, seu navio de passageiros Oceanic Viking para o Oceano Antártico para colher evidências fotográficas e em vídeo que possam ser usadas em cortes internacionais para provar que o projeto é uma fachada para a caça comercial. Smith disse que ofereceu o Oceanic Viking para buscar os ativistas depois que o governo japonês pediu ajuda para acabar com o impasse com a Sea Shepherd e retirar seus membros. Paul Watson, fundador da organização ambiental, saudou a oferta australiana mas prometeu desafiar qualquer exigência de não mais abordar o navio.
— Não vou concordar com nenhuma condição — disse Watson para a Australian Broadcasting Corp., à bordo do seu navio, o Steve Irwin: — Eles estão aqui ilegalmente matando baleias, ilegalmente atacando espécies em risco. Essas pessoas não diferem em nada dos caçadores de elefantes na África ou dos de tigre na Índia.
O barco do Japão suspendeu a caça depois que o australiano Benjamin Potts, de 28 anos, e o britânico Giles Lane, de 35 anos, pularam de um bote de borracha no convés depois de uma perseguição em alta velocidade. A organização diz que a dupla tentou entregar uma carta contra a caça ao capitão do navio e iria deixar a embarcação em seguida, mas a tripulação os manteve reféns. Oficiais japoneses disseram que os ativistas agiram como piratas
A disputa sobre a caça às baleias ocorre em águas ao sul de linhas regulares de navios e a centenas de quilômetros de serviços de emergência ou apoio. O primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, pediu nesta quinta-feira que os dois lados mostrassem controle e cooperação para "assegurar o retorno seguro dos dois indivíduos". O Japão mandou navios para Antártica em novembro, para caçar baleias num programa que contorna a moratória da caça comercial. A proibição permite a caça limitada por razões científicas, uma brecha que o Japão usou para matar cerca de 10 mil baleias nas últimas duas décadas, de acordo com o International Fund for Animal Welfare. Oponentes dizem que o programa japonês é um disfarce.
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Diário Catarinense, 18/01/2008)