Água: hoje, mesmo com lago cheio, há desabastecimento em bairros
Estrutura atual deve dar conta do abastecimento por mais quatro ou cinco anos segundo avaliação da companhia
Depois que aplicar R$ 9 milhões na ampliação da rede de coleta de esgoto – as obras começam no mês que vem –, a Corsan fará um novo investimento em Santa Cruz do Sul, só que desta vez na rede de distribuição de água. Técnicos contratados pela estatal já estão elaborando projetos para duplicação da estação de tratamento de água (ETA) e melhorias na rede de abastecimento. As obras, que devem entrar no orçamento da Corsan a partir de 2010, visam preparar o sistema para a Santa Cruz dos próximos 30 anos.
A capacidade de produção de água potável em Santa Cruz é colocada a prova durante o verão, principalmente nos dias de muito calor, o que eleva o consumo a picos históricos. Segundo o gerente local da companhia, Paulo Stein, desde o fim de semana a demanda cresceu em torno de 20%, colocando o sistema à beira do limite. “A atual estrutura dará conta por mais quatro ou cinco anos, no máximo”, frisou. O consumo, que em períodos normais gira em torno de 28 mil metros cúbicos ao dia, nesta semana já passou da casa dos 31 mil metros cúbicos/dia.
Para evitar que Santa Cruz viva o paradoxo de ter um reservatório com 3 milhões de metros cúbicos de água mas não consiga tratar o suficiente para atender seus 39 mil clientes, a Corsan planeja construir uma nova ETA na cidade. Áreas do Bairro Pedreira já estão sendo avaliadas para receber a estação, que ficará próxima da atual para aproveitar a mesma rede de distribuição. A capacidade de tratamento de água, que atualmente é de aproximadamente 400 litros por segundo, saltará para 800 litros por segundo com a nova ETA. O custo das obras, que vão incluir substituição de tubulação e melhorias nos recalques e reservatórios, ainda não foi orçado.
Segundo Stein, a atual estação de tratamento poderá tanto continuar operando simultaneamente com a nova quanto virar um grande reservatório d’água. “Isso ainda não foi discutido. O que há de concreto é que Santa Cruz precisa avançar no tratamento de água e isso será feito pela Corsan”, salientou. Enquanto isso, porém, moradores das regiões altas da cidade ficam sujeitos a enfrentar longas faltas d’água. “Quando o sistema está operando ao máximo temos que jogar mais pressão na rede principal e isso pode gerar rompimentos. Quando isso acontece, não tem outro jeito a não ser cortar o fornecimento e aí quem mais sente são os consumidores das partes altas”, explicou.
O problema será minimizado a partir do mês que vem, com a inauguração de uma nova caixa d’água, com capacidade para 500 mil litros, nos altos do Bairro Ohland. O reservatório, orçado em R$ 600 mil, garantirá o abastecimento principalmente nos bairros Esmeralda, Aliança, São João, Corredor Zanette e Loteamento Primavera. A região ganhará, ainda, uma nova adutora, com quase dois quilômetros de extensão.
(Por Igor Müller, Gazeta do Sul, 17/01/2008)