A Índia propôs à China um programa de cooperação para o desenvolvimento de energia nuclear para uso civil, uma aproximação entre as duas mais populosas nações do mundo, com uma história de suspeitas mútuas. A proposta foi apresentada pelo primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, no último dia de uma visita oficial à China, de acordo com o qual "a Índia está à procura de cooperação internacional na área da energia nuclear civil, incluindo com a China"
"É natural que as grandes potências, unidas por laços de interdependência econômica, procurem cooperar entre si para obter benefícios mútuos. A Índia e a China devem ser parte deste quadro de cooperação," afirmou Singh, sem adiantar detalhes, num discurso perante a Academia das Ciências Sociais chinesas.
A visita de Singh é a primeira de um chefe do governo indiano à China nos últimos cinco anos e acontece num momento em que os dois gigantes do mundo em vias de desenvolvimento se aproximam e tentam esquecer animosidades e disputas passadas. Numa retórica que tem sido comum aos países asiáticos em processos de rápido crescimento econômico e cujas elites reclamam uma identidade regional própria, o chefe do executivo indiano apelou ao uso do que chamou o "estilo asiático - evitar os confrontos, criar confiança e atingir consensos".
A Índia assinou já com os Estados Unidos um acordo para o fornecimento de tecnologia e combustível nucleares para fins civis, mas a aplicação do acordo está congelada, em parte devido às reticências expressas dentro do executivo indiano. A China foi uma das vozes a manifestar dúvidas quanto ao acordo entre Washington e Nova Déli, por recear - de acordo com Pequim - que o tratado possa intensificar a proliferação nuclear.
Singh, que se encontra hoje com o Presidente chinês, Hu Jintao, lembrou que a China é o segundo maior parceiro comercial indiano. O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao e Singh assinaram segunda-feira um documento que visa, entre outras ações de cooperação, elevar o volume de comércio bilateral dos atuais 40 bilhões de dólares para 60 bilhões em 2010. Singh termina hoje uma visita oficial de três dias, iniciada domingo passado. O acordo que Wen e Singh assinaram prevê também o início das negociações para resolver a disputa fronteiriça na região dos Himalaias, que levou mesmo a uma breve guerra entre a China e a Índia em 1962.
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Envolverde/Agência Lusa, 16/01/2008)