Para impedir o desabastecimento de gás natural, as termelétricas movidas a óleo combustível devem ser acionadas antes das usinas a gás. A avaliação é do presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Armando Laudorio.
Segundo Laudorio, a prioridade para o óleo combustível ocorre para preservar o gás que não vai para as termelétricas. “Queremos preservar o gás destinado às indústrias, às residências, ao comércio e aos automóveis”, explica.
Para o presidente da Abegás, o desvio do gás do mercado convencional para as termelétricas pode trazer graves problemas. “Uma usina térmica corresponde a 300 postos de gás funcionando”, compara.
Outro problema, de acordo com Laudorio, é que a falta de uma legislação específica para o contingenciamento de gás. Segundo ele, existe um substitutivo de lei no Senado que deve ser analisado ainda neste ano. O texto prevê procedimentos para um plano de racionalização do combustível.
Para Laudorio, o principal desafio do setor é equilibrar a oferta de gás com a demanda, tanto para o mercado convencional (indústrias e automóveis, por exemplo) como para as usinas térmicas. Segundo ele, para que isso ocorra, é preciso antecipar a produção dos campos de gás nacionais, além da importação de gás natural liqüefeito (GNL) e da interligação dos gasodutos no Brasil.
A Petrobras está iniciando o processo de interligação dos sistemas de gasodutos entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro. Na avaliação de Laudorio, isso dará condições ao país de antecipar a utilização de 5,5 milhões de metros cúbicos diários de gás no primeiro semestre.
“Independentemente da chuva, o governo a curto prazo tem de colocar uma oferta de gás que fique equilibrada com a demanda, tanto para as térmicas como para o mercado convencional. Enquanto isso não ocorrer, o gás que é consumido no mercado convencional não pode ser transferido para as térmicas”, advertiu.
Nesse meio tempo, para gerar a energia elétrica de que o país necessita, o presidente da Abegás recomendou que a saída é acionar as térmicas a óleo combustível, óleo diesel ou carvão e reduzir o consumo próprio de gás da Petrobras.
Na avaliação de Laudorio, apesar de mínimo, o risco de racionamento de energia não pode ser descartado. Ele considerou corretas as ações emergenciais tomadas pelo governo na última semana, como a ativação de seis termelétricas a óleo no Sudeste, mas acredita que as medidas deveriam ter começado há pelo menos dois anos: “Na entressafra de oferta [de gás natural], é necessário usar as térmicas a óleo, acelerar a chegada do GNL e das produções dos campos nacionais”.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 15/01/2008)