Os presidentes de Argentina, Brasil e Venezuela se reúnem na província de Missões com presidente boliviano, Evo Morales, para analisar o alcance da nacionalização dos hidrocarbonetos promulgada por este último. Néstor Kirchner, Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez e Morales vão dialogar sobre os efeitos para a integração energética da histórica decisão, anunciada na última segunda-feira (14/01) por Morales.
O decreto supremo emitido pelo governo de La Paz provocou particular preocupação nas cúpulas de empresas petroleiras com fortes interesses econômicos na Bolívia, com a espanhola Repsol-YPF e a brasileira Petrobrás. No caso da última, se trata de uma companhia brasileira com maiores investimentos na nação andina, onde abastece 60% do mercado de gás do país vizinho.
Além disso, 75% do fluído importado é consumido pelo monumental pólo industrial do estado de São Paulo, considerado o motor da economia do Brasil. No entanto, o governo Lula reconheceu, em comunicado, o ato soberano do governo de Morales de nacionalizar e controlar as riquezas de seu subsolo.
O presidente de Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Jorge Alvarado, disse que La Paz honrará os acordos energéticos contraídos com outros países. Respeitaremos os compromissos de compra e venda que temos com Argentina e Brasil e qualquer outra nação, enfatizou o titular da YPFB, em diálogo na Radio Continental.
Além disso, Alvarado remarcou a importância de reforçar as relações comerciais, já que como qualquer empresa quer investir e definir utilidades. A Bolívia exporta para Buenos Aires cerca de cinco milhões de metros cúbicos de fluídos diários (cerca de 4% de seu consumo total). Para o Brasília, são uns 24 milhões de metros cúbicos de gás por dia, uma grande parte da demanda brasileira.
O prefeito boliviano, David Choquehuanca, disse que o caráter da recente medida é soberano e irreversível. A cúpula, segundo as autoridades, tem como objetivo examinar o Decreto Supremo 28.701 e sua repercussão para a integração energética do Cone Sul, levando em conta que Argentina e Brasil se abastecem do gás boliviano.
(Prensa Libre,
Adital, 15/01/2008)