Especialistas costumam dizer que para levar energia a algumas áreas isoladas do País gasta-se tanto combustível com transporte quanto será usado na geração. E, pior, se introduz a poluição da energia fóssil em ambientes antes praticamente preservados. Um programa patrocinado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no valor de R$ 3,350 milhões, com tecnologia da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM),Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam), quer mudar essa realidade.
Em dois municípios do extremo oeste da Amazônia (Atalaia do Norte e Benjamin Constant) cem familias vão plantar 75 mil mudas de dendezeiro em 500 hectares, módulos de 5 hectares, em projeto proposto pela Associação para o Desenvolvimento Agro-Sustentável do Alto Solimões (Agrosol).
A previsão é que a partir de 2012 a plantação já esteja produzindo 2,2 mil toneladas anuais de biodiesel de dendê, o que representará 25% do óleo diesel consumido para geração de energia elétrica nos dois municípios. A intenção é que o óleo seja comprado pela geradora de energia para que o dinheiro circule nas comunidades, aumentando a oferta de emprego e renda local. As áreas de floresta já alterada estyão na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.
Cada família vai receber 5 hectares de plantio de dendê em suas propriedades. O projeto vai fornecer adubo, mudas e a assistência técnica, enquanto as famílias entram com a mão-de-obra. Segundo a Embrapa, no Brasil, somente a região amazônica e uma estreita faixa do litoral baiano apresentam condições de clima e solo favoráveis ao desenvolvimento da dendeicultura.
Os fatores favoráveis para o dendê nessa faixa da Amazônia são: adaptação às condições de clima solo, maior produtividade entre as oleaginosas, reduzido impacto ambiental, pouco uso de mecanização e defensivos agrícolas, alta capacidade de fixação de carbono, produção bem remunerada e mercado garantido.
A palma, planta do dendê, é uma oleaginosa de grande produtividade (de 4 a 6 toneladas por hectare), começa a produzir três anos após o plantio, tem longo período de exploração (25 anos), baixo custo de produção (US$ 220 por tonelada), e mercado garantido, informa a Embrapa.
(Diário do Pará, 15/01/2008)