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sacolas e embalagens plásticas
2008-01-16
Quando os historiadores fizerem um balanço dos desastres dos anos 90 do último século e chegarem à China, o aparecimento do plástico nesse país ocupará um lugar principal. Em um país que, como a Rússia, desconhecia esse produto até 20 anos atrás, onde uma simples garrafa plástica era um objeto cuidadosamente guardado para as mais diversas e inimagináveis utilidades, os recipientes, embalagens e sacolas descartáveis, e o usar e jogar fora em geral, se transformaram em uma catástrofe ambiental de grandes proporções. Como medida para tentar reduzir os danos, o governo anunciou que proibirá a distribuição gratuita de sacolas plásticas nas lojas.

O resíduo plástico está presente em toda parte na China. Acompanha a estrada de ferro Pequim-Chengdu como um rio de lixo plastificado de 2.600 km. É uma constante no horizonte do deserto de Taklamakan, no extremo oeste do país, arrastado pelo vento das estradas que o atravessam.

Sua presença nas cidades e, há alguns anos, no campo, nas áreas de cultivo, onde cobre os sulcos dos arados para aumentar a colheita, é uma verdadeira praga que será legada às gerações futuras como um grave problema.

Nesse contexto, a medida anunciada em 8 de janeiro pelo governo chinês de introduzir a partir de junho a obrigatoriedade de pagar nas lojas pelas sacolas plásticas é uma gota d'água no oceano. Uma gota em que o professor Jiang Gaoming, do Instituto Botânico da Academia de Ciências chinesa descreve como um "mar de plástico".

O comunicado do governo também informa sobre a proibição das sacolas de plástico extrafino de 0,025 milímetros de espessura e a promoção do uso de cestas ou sacolas de tecido para as compras. Cita vagamente possíveis multas para as lojas que violarem a medida e iniciativas fiscais ainda mais vagas para dissuadir a produção de sacolas plásticas.

Só em Shenzhen, a cidade mais moderna da China, próxima de Hong Kong, são utilizadas anualmente 1,75 bilhão de sacolas plásticas, que demoram cerca de 200 anos para se decompor. Para Jiang, porém, o principal problema está no campo.

Em nenhum lugar do mundo os agricultores usam tanto plástico quanto na China. Não só em estufas, mas sobretudo longas faixas de plástico que são colocadas nos sulcos do arado para produzir de tudo fora de temporada; desde amendoins até melancias, alho, pimentões, batatas e tabaco. As faixas de plástico cobrem a paisagem rural de províncias inteiras. Essa técnica aumenta a temperatura e a umidade do solo e o rendimento das colheitas entre 20% e 50%. O resultado são produtos não só sobrecarregados de pesticidas -cujo uso na China é sete vezes maior que a média mundial-, mas também de sabor e aspecto freqüentemente degradados, mas... aptos para o mercado.

O caráter empreendedor do agricultor chinês, multiplicado por seu número catastrófico (a maior coletividade rural do mundo), se transforma em fator de desastre.

Todo ano, 500 mil toneladas desse plástico agrícola, 40% do utilizado, ficam no solo na China. "Os agricultores mais cuidadosos separam as membranas de plástico de seus campos no fim da temporada, mas não vão muito além de jogá-las às margens de sua terra", explica Jiang. Freqüentemente o plástico leve se mistura com a terra e se rompe, e por isso é muito difícil vendê-lo para reciclagem.

"Quando acumulam uma boa quantidade, geralmente o queimam", explica Jiang em um artigo publicado em maio passado. A queima libera pelo menos cinco elementos poluentes orgânicos persistentes (POP) entre os 12 mais daninhos mencionados pela Convenção de Estocolmo nesse sentido, acrescenta o professor.

Luta contra o desperdício
A Austrália também adota iniciativas para acabar com o uso de sacolas plásticas nos supermercados, uma medida que o novo ministro do Meio Ambiente, Peter Garrett, quer que seja aplicada gradualmente a partir do final deste ano. "Há cerca de 4 bilhões dessas sacolas por aí, que chegam ao campo, terminam afetando nossa natureza e vemos em nossas praias quando saímos de férias", diz o ministro.

"Creio que a maioria dos australianos gostaria de acabar com as sacolas. Acreditamos que é absolutamente fundamental que apliquemos medidas", acrescentou. "Gostaríamos de ver sua aplicação em etapas a partir de 2008", indicou Garrett na última quinta-feira, dois dias depois de a China anunciar medidas para reduzir as sacolas plásticas.

Países como Irlanda e África do Sul experimentaram impostos elevados, proibições ou a eliminação das sacolas de plástico mais fino, enquanto algumas cidades e povoados tomaram medidas unilaterais para prescindir delas.

"Temos em vigor um sistema que foi voluntário até agora, as pessoas chegaram ao supermercado e tiveram a oportunidade de pegar sacolas de lona", explicou o ministro trabalhista australiano.

Ele se reunirá com os dirigentes dos seis estados e dos territórios australianos para abordar como se livrar das sacolas plásticas, mas não está claro se serão proibidas. Garrett não é partidário de um imposto.

(Por Rafael Poch, La Vanguardia, tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves, UOL, 16/01/2008)




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