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aterros sanitários
2008-01-16

Não irá restar nada da Baía de Vitória em prol do desenvolvimento do Estado do Espírito Santo. A opinião é consensual entre os ambientalistas do Estado diante da informação de ampliação de 23 mil metros quadrados de indústria anunciados pela Flexibrás. Além do aterro, a empresa já construiu um enrocamento para a área que começa a ser aterrada nas próximas semanas.

No aterro serão realizadas as obras de expansão do pátio utilizado para estocagem das bobinas e tubos que a Flexibras Tubos Flexíveis produz para a Petrobras.

Segundo o ambientalista e presidente da Organização Consciência Ambiental (Orca), Lupércio de Araújo, a expansão da empresa não justifica, em nenhum momento, a invasão de área marítima.

"Por que não crescem para a retro-área? Esse empreendimento é o retrato da política do governo do Estado, que quer desenvolvimento a qualquer preço com a neutralidade do Ministério da Marinha, Gerência de Patrimônio da União, entre outros", ressaltou.

Para Lupércio, que teve acesso aos prospectos da obra, a empresa vem defendendo o empreendimento como um grande feito e demonstrando que não está a par do momento e da necessidade de conservação discutida mundialmente. Além de descaracterizar a baía, Lupércio garante que o aterro trará impactos ambientais, além de comprometimentos à navegação na região.

"Isso me entristece, mas não me surpreende. A própria política atual trata as questões ambientais como um entrave ao desenvolvimento", desabafou.

Segundo as informações divulgadas pela Flexibrás, que pertence ao grupo francês Technip e opera no complexo portuário de Vitória desde 1986, a indústria concluiu recentemente as obras de duplicação que aumentou a capacidade produtiva de 400 para 450 quilômetros de tubos flexíveis e cabos umbilicais e, por isso, houve a necessidade de ampliar também o pátio de estocagem, com um aterro em área marítima.

Além do novo aterro, a Baía de Vitória sofre com os graves danos ambientais causados pelas demais empresas instaladas no porto de Vitória. Uma delas, dragagem com aterro feita pela Pirelli, causou assoreamento, má circulação da água na região e prejudicou o tráfego de barcos.

A Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) também foi responsável pelo aterro (resultado de uma retro-área) de boa parte do mangue e ainda uma área de alagado, com três metros de aterro na mesma região. Com o aterro, os moradores passaram a sofrer com enchentes, antes contidas pela área de taboa. Tiveram ainda sua única área de lazer destruída.

Entretanto, o aterro entrou em funcionamento com a anuência dos órgãos ambientais do Estado antes que as condicionantes exigidas fossem cumpridas. Entre as condicionantes estavam a exigência de preservação da integridade de todo o ecossistema manguezal localizado junto à área do empreendimento.

(Por Flávia Bernardes, Século Diário, 16/01/2008)

 


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