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2008-01-16
Sarkozy parece gostar do papel do grande negociante de energia atômica. Além da Argélia e da Líbia, agora a Arábia Saudita está na mira do presidente francês para uma parceria na produção de energia nuclear. Um dos papéis favoritos do presidente Sarkozy parece ser o do negociante de energia atômica. Além da Argélia e da Líbia, agora a Arábia Saudita está na mira do presidente francês, para estabelecer uma parceria na produção de energia nuclear.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, assinou quatro acordos de cooperação em política energética. Num discurso ao Shura (Conselho) em Riad, ele elogiou o empenho do rei Abdullah pelo diálogo entre muçulmanos e cristãos. De acordo com fontes sauditas, Sarkozy e o rei Abdullah teriam assinado no domingo (14/01) um acordo de parceria no setor petrolífero. Além disso, ambos teriam acertado uma cooperação política mais intensa.

O acesso de estudantes sauditas a universidades francesas, por exemplo, deverá ser facilitado. Isso também se aplicará a qualquer formação profissionalizante a ser feita na França.

Sobretudo razões econômicas
O jornal francês Les Echos noticiou, em sua edição de segunda-feira (14/01), que empresas francesas pretendem construir dois modernos reatores atômicos em Abu Dhabi. O grupo petrolífero Total e os conglomerados de energia Suez e Areva teriam acertado, no fim de semana passado, uma joint venture para construir dois reatores de água pressurizada (EPR) nos Emirados Árabes.

Um acordo nesse sentido deverá ser assinado nesta terça-feira pelo presidente Nicolas Sarkozy, por ocasião de sua visita a Abu Dhabi. Esse seria o terceiro acordo de energia nuclear entre a França e um país árabe. No Catar, Sarkozy se empenhará por uma cooperação entre a Gaz de France e a Qatar Petroleum Internacional, uma subsidiária da companhia estatal de petróleo dos Emirados.

Na França, onde 80% da energia elétrica é produzida em usinas nucleares, a crítica à política de Sarkozy é quase inexistente. O presidente defende sua missão com o argumento que "os países islâmicos não têm menos razões que o resto do mundo de usar fontes nucleares para suprir a demanda de energia".

Ele já reiterou várias vezes que a "energia do futuro" não deve ser reservada apenas para o uso do Ocidente. O fato de outros países árabes também utilizarem energia atômica para fins civis poderia ser um estímulo para o Irã resolver seu impasse com a comunidade internacional. Além disso, a tecnologia atômica seria menos prejudicial ao clima, ressalta Sarkozy.

Apoio em termos de segurança
O principal argumento para a exportação de tecnologia nuclear francesa é, no entanto, econômico. As empresas envolvidas nos acordos fechados no Golfo podem contar com negócios em valores astronômicos. No caso de Abu Dhabi, seriam 6 bilhões de euros. Os acordos também prevêem que a França ajude os países em questão a manter as normas internacionais de segurança e formar mão-de-obra especializada.

Não se trata, portanto, apenas da construção de usinas nucleares isoladas, como no caso do Marrocos, o primeiro país árabe com o qual Sarkozy acertou o projeto de um reator que deverá produzir energia para dessalinizar a água do mar. A idéia é criar um vínculo de longo prazo com a energia nuclear – um negócio rentável e, ao mesmo tempo, prestigioso.

Crítica do Greenpeace
Opositores consideram escandaloso o plano de Sarkozy, sobretudo por razões de segurança e ambientais. "Viabilizar o acesso desses países à energia atômica significaria, no final das contas, possibilitar que eles construam a bomba atômica", opina Yannick Rousselet, especialista em política nuclear do Greenpeace.

Ele alerta que usinas atômicas também não podem ser protegidas contra terroristas que queiram cometer atentados com aviões seqüestrados. Em muitos países árabes, extremistas islâmicos poderiam passar a ver as usinas como alvos ideais para atos de terror, explica Rousselet. "Os países aos quais Sarkozy quer facilitar o acesso à energia nuclear não teriam condições de lidar com o lixo atômico", avalia Rousselet, temendo – ao mesmo tempo – que eles dificilmente venham a permitir controles internacionais.

(Deustche Welle, 16/01/2008)




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