O ministro Mangabeira Unger, do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE), destacou seis temas que considera importantes para a promoção do desenvolvimento econômico na Amazônia, durante reunião desta terça-feira (15/01) com a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa.
Acompanhado por um comitiva interministerial, Mangabeira Unger pretende discutir o projeto com os governadores e representantes do setor produtivo do Pará e do Amazonas. Em entrevista coletiva, ele explicou que "o projeto tem como eixo um zoneamento econômico e ecológico fundado na solução das questões da posse da terra, permitindo a definição de estratégias econômicas distintas para as diferentes partes da Amazônia”.
O ministro e a governadora se comprometeram a indicar os nomes que integrarão grupos de estudo para debater os temas listados. O primeiro deles, que segundo o ministro não é exclusividade do Pará, mas de todo o país, é a pecuária extensiva. “Este talvez seja o maior problema da agricultura brasileira: como podemos começar a substituir a pecuária extensiva por outra intensiva e que esteja integrada a um modelo de lavoura familiar avançado”, disse.
O segundo diz respeito à atividade mineradora no estado do Pará: “Só uma pequena parcela [das jazidas] é objeto de lavra. É preciso definir como aproveitar essa riqueza dormente, usando o poder do Estado para aprofundar o mercado e a concorrência.”
O texto apresentado pelo ministro durante a reunião também cita a necessidade de formação de recursos humanos em todos os níveis, voltada especialmente para a realidade local, sem contudo deixar de ter uma visão ampla das necessidades mundiais.
Mangabeira Unger também pretende estimular a discussão sobre a criação, no Pará, de um centro de prestação de serviços ambientais avançados cujas ações beneficiem toda a região amazônica. Além disso, ele defende que as políticas públicas solucionem os problemas das populações mais vulneráveis, combatendo situações como o tráfico de pessoas.
A questão hídrica e, conseqüentemente, energética, seria o sexto tema de maior importância, segundo o ministro.
Especificamente sobre a questão indígena, ele defendeu uma reavaliação no papel do Estado: “Ao mesmo tempo que asseguramos generosamente essas terras ao indígenas, nós ainda não construímos os instrumentos e as oportunidades de atividades econômicas para esses povos.”
Mangabeira Unger disse ainda estar determinado a avançar na formulação de um modelo de desenvolvimento que privilegie os pequenos proprietários, tanto nas cidades quanto no campo. “Esta é a classe média emergente, a vanguarda dos batalhadores que está transformando o país – uma nova classe média que, de alguma forma, já está no comando do imaginário popular. Uma das grandes tarefas de construção nacional é edificar as instituições e políticas que dariam asas a esta gente”, afirmou.
(Por Alex Rodrigues, Agência Brasil, 15/01/2008)