Novo relatório do Greenpeace, Mudanças do Clima, Mudanças no Campo: Impactos Climáticos da Agricultura e Potencial de Mitigação, detalha como a agricultura baseada no uso intensivo de energia e produtos químicos provocou um aumento nos níveis de emissão de CO2.
Amsterdã, 8 de janeiro de 2008 - A agricultura é atualmente uma das mais importantes fontes de emissão de gases do efeito estufa e mudanças urgentes precisam ser feitas no modo como a atividade é exercida para torná-la ambientalmente sustentável. Isso é o que conclui o novo relatório do Greenpeace, Mudanças do Clima, Mudanças no Campo.
O relatório foi escrito para o Greenpeace pelo professor Pete Smith, da Universidade de Aberdeen - um dos autores do mais recente relatório do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) - e é o primeiro a detalhar os efeitos diretos e indiretos da agricultura nas mudanças climáticas.
"Os impactos da agricultura industrial no clima não podem ser ignorados", afirma Gabriela Vuolo, do Greenpeace Brasil. "É preciso trabalhar para que o futuro da agricultura seja produzindo alimentos em comunhão com a natureza e a população, e não contra elas".
O novo relatório do Greenpeace traz detalhes de como a agricultura baseada no uso intensivo de energia e produtos químicos provocou um aumento nos níveis de emissões de gases do efeito estufa, principalmente devido ao excessivo uso de fertilizantes, desmatamento, degradação do solo e criação intensiva de animais.
A contribuição total da agricultura mundial para as mudanças climáticas, incluindo desmatamento para plantações e outros usos, é estimado em algo entre 8,5 bilhões e 16,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, ou entre 17% e 32% de todas as emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo ser humano.
O uso excessivo de fertilizantes é responsável pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa, estando hoje em torno de 2,1 bilhões de toneladas de CO_2 anualmente. O excesso de fertilizantes provoca a emissão de óxido nitroso (N_2 O), que é algo em torno de 300 vezes mais potente que o CO_2 na mudança do clima.
O relatório detalha ainda a variedade de soluções práticas que podem reduzir as mudanças climáticas e que são fáceis de ser implementadas, incluindo aí a redução do desmatamento, do uso de fertilizantes e a proteção do solo.
"Do ponto de vista do clima global, o grande vilão é a queima de combustíveis fósseis seguido da mudança de uso do solo, como as queimadas na Amazônia e as atividades agrícolas em geral. No Brasil, essa é a maior parte do problema", afirmou Luís Piva, coordenador da campanha de clima do Greenpeace. "Ações urgentes são necessárias para que o setor agrícola deixe de ser parte do problema das mudanças climáticas e passe a colaborar com a retirada de carbono da atmosfera e ao mesmo tempo garantir a segurança alimentar".
Baixe
o relatório na íntegra em inglês e o
Sumário Executivo em português.
(Greenpeace Brasil /
Amazonia.org, 11/01/2008)