O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) repassou cerca de R$ 500 mil (meio milhão de reais) para uma ONG gaúcha indiciada como a mentora da invasão de um viveiro da Aracruz em 2006. Na ocasião, o local foi depredado. A ONG de Passo Fundo é uma representação nacional da Associação das Mulheres Camponesas. O recurso foi repassado na "calada da noite", aos 45 do segundo tempo, ou seja, foi publicado no Diário Oficial da União no último dia de 2007 (31 de dezembro).
A iniciativa do MDA merece ser questionada por deputados estaduais e federais gaúchos. E o MDA deve explicações à sociedade gaúcha. Em março de 2006, dois mil integrantes da Via Campesina, a maioria mulheres, invadiram o horto florestal da Fazenda Barba Negra, em Barra do Ribeiro, da Aracruz - maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto. O atentado ocorreu quando a Aracruz estudava a ampliação da produção de sua fábrica gaúcha de celulose, em Guaíba.
Durante os protestos foram destruídos o laboratório de pesquisas da empresa e parte das mudas prontas para plantio, causando perdas estimadas pela empresa em milhões de dólares. Somente as perdas no laboratório chegaram a US$ 400 mil. Na época, a empresa comunicou que perdeu materiais genéticos que levaram cerca de 15 anos para serem produzidos e outros que não podem ser recuperados, além de um milhão de mudas prontas para plantio. O viveiro na Fazenda Barba Negra é um dos maiores da América Latina e, em 2005 a produção atingiu 60 milhões de mudas.
Na ocasião, o ministro do Desenvolvimento Agrário era Miguel Rossetto. Ele reprovou a destruição praticada na propriedade da Aracruz, salientando que ações dessa natureza nada têm a ver com o programa de reforma agrária e que o assunto deve ser tratado pela Justiça. Agora, o também gaúcho Guilherme Cassel, indicado por Rossetto, é quem comanda o MDA. Foi ele quem deu o dinheiro para o bando.
A Via Campesina é uma organização internacional de agricultores. No Brasil seus principais parceiros são o MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
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Políbio Braga, 14/01/2008)