O governo Paulo Hartung financiará um projeto altamente poluidor - a construção de uma termelétrica, que custará R$ 335 milhões - com dinheiro dos capixabas: aprovou no seu programa de incentivos fiscais, o Invest-ES, o projeto da Wartsila Brasil. A termelétrica será construída em Viana, mas o grupo, norte-americano, mira também o município de Nova Venécia.
A termelétrica da Wartsila Brasil, apesar de orçada em R$ 335 milhões, só irá gerar a 27 novos empregos diretos, admite o governo.
A matriz energética da usina de Viana será o carvão. As termelétricas são fontes de emissão de gás carbônico, o CO², o principal gás do efeito estufa, que promove o aquecimento global.
O Estado também será poluído com termelétricas das usinas Lasa e Disa, que usarão o bagaço de cana. Serão produzidos 44 MW de energia nas duas usinas, que serão construídas no norte capixaba.
A Petrobras também poderá construir uma termelétrica no norte capixaba, e sua capacidade de geração deve atingir 250 MW. Sem contar que a Wartsila Brasil já está de olho no município de Nova Venécia, onde se reuniu com a prefeitura na semana passada.
O dinheiro do Invest-ES financia em até 12 anos e paga 70% do investimento total, a 1% de juro anual. É concedido a título de benefícios fiscais.
O financiamento de projetos poluidores é um desastre para o Estado. Segundo o ambientalista Bruno Fernandes da Silva, presidente do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama), a matriz energética das termelétricas é um grande problema ambiental.
“É melhor investir um pouco mais e buscar alternativas energéticas menos poluentes. O governo Paulo Hartung vem fazendo investimento no sentido errado: parece até brincadeira, mas o pequeno empresário não tem facilidades para tomar empréstimo, e os juros são altos. Ao contrário, há dinheiro farto e barato para as transnacionais”, afirmou Bruno Fernandes.
Para ele, é um absurdo este afã do governo para gerar mais energia e com isso atrair mais projetos de grande porte, que não dão retorno nem ao Estado nem à sociedade. Aponta o ambientalista: “O Estado tem opções, que ainda não quantificou, como a energia eólica. O governo Paulo Hartung parece parado no tempo, aí pelas décadas de 70 e 80, e não vê que é preciso alternativas às fontes poluidoras”.
Bruno Fernandes lembra ainda que as usinas hidrelétricas, dependendo dos projetos elaborados e dos estudos de impactos ambientais, são alternativas às termelétricas. A exceção são as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que geram enormes impactos ambientais e são rejeitadas em estados como Minas Gerais. O governo Paulo Hartung não só apóia estes projetos como os financia.
Com as termelétricas e PCHs, o Estado acrescerá até 2010 72% - 684 MW - à sua produção de energia. Incluindo a energia de Furnas, o total que será disponibilizado para a indústria e consumidores será de 2.843 MW, como informa a governo do Estado.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 15/01/2008)