Integrantes do MST voltam a desafiar o governo e invadem propriedade no norte do Estado
Pelo menos 800 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram ontem (14) a sede da Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, no norte do Estado. O grupo, que chegou em 20 ônibus, desembarcou na área às 6h30min e permaneceu no local por duas horas. Foi a nona invasão da propriedade pelo MST desde 2 de abril de 2004.
Durante o tempo em que estiveram na fazenda, os manifestantes picharam a parede de um galpão com frases de ordem e símbolos do movimento. Segundo um líder do MST, que não se identificou, a invasão foi um ato simbólico para reforçar a exigência de que o governo federal desaproprie a área:
- Com isso, a gente mostra que pode invadir a fazenda na hora que bem entender.
De acordo com o capataz da Coqueiros, Dario Cagliari, os sem-terra, armados com revólver, teriam rendido três funcionários. Eles teriam sido trancados em um banheiro por uma hora e, só depois, liberados. Conforme Cagliari, os manifestantes teriam levado 20 pneus de tratores e máquinas agrícolas, avaliados em R$ 3 mil cada, e R$ 200 de um dos empregados.
- Além dos roubos e pichações, eles estragaram dois tratores. Retiraram o óleo diesel do motor e ligaram os veículos. O prejuízo vai chegar aos R$ 100 mil - calcula o capataz.
Na tarde de ontem, o advogado da família registrou ocorrência na Polícia Civil de Carazinho. Durante a presença do MST na Coqueiros, apenas um automóvel da Brigada Militar acompanhava a movimentação. O reforço chegou somente depois que o grupo já havia deixado a fazenda. Policiais foram posicionados em locais estratégicos da região para monitorar a área e evitar novas invasões.
Os sem-terra que participaram da invasão se dirigiram para a sede do assentamento da fazenda Anoni - que pertence a assentados ligados ao movimento - , onde participam, até sexta-feira, do encontro anual do MST.
No dia 12 de de novembro de 2007, os sem-terra encerraram uma marcha rumo à Fazenda Coqueiros que durou dois meses. Na época o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), comprometeu-se a assentar mil famílias até abril de 2008 e mais mil até o final deste ano.
(Por Leandro Belles, Zero Hora, 15/01/2008)