Os fabricantes de automóveis da Alemanha estão convencidos: o diesel é a resposta aos altos preços da gasolina nos EUA. A concorrência dos híbridos é acirrada, mas as vendas já são promissoras.
No Salão Internacional do Automóvel de Detroit 2008, as montadoras se superam nas estratégias de publicidade para seus mais novos modelos. Na apresentação do utilitário pequeno Vision GLK, a Mercedes trouxe o cantor berlinense Max Rabe. E a Audi contra-atacou com o canadense Bryan Adams.
Porém, entre um show e outro, o tema é naturalmente: carros. E os fabricantes alemães têm este ano uma mensagem comum, que pretendem comunicar ao consumidor norte-americano: "Os modelos a diesel são os carros do futuro".
Clean dieselO presidente da Daimler, Dieter Zetsche, elogiou o GLK, de sua multinacional. "Um off-road compacto, que permite aos americanos cada vez mais passar da gasolina ao diesel." Tal se aplica em especial aos modelos com motor Bluetec, que, segundo Zetsche, serão "os carros mais limpos do mundo".
O que a Mercedes chama de "Bluetec", a BMW intitula "Blue Performance" e a Volkswagen de "BlueMotion": todas estas técnicas emitem níveis extremamente baixos de gases poluentes. O presidente da Federação da Indústria Automobilística alemã, Matthias Wissmann, vê no clean diesel o futuro das montadoras alemãs:
"No momento, detemos uma parcela de quase 50% do mercado europeu de veículos a diesel. Nos Estados Unidos, temos 3% do segmento, e todos os prognósticos apontam para um crescimento substancial desta proporção. Vemos boas chances de romper a marca de 1 milhão de unidades, em futuro próximo."
Enfrentando os híbridosDevido aos altos preços da gasolina e à crise do setor de créditos, as picapes e utilitários esportivos, tão apreciados pelos norte-americanos, têm ficado cada vez empoeirados nas concessionárias, só saindo graças a descontos substanciais. O mercado dos EUA para os chamados light trucks se reduziu em 6% nos últimos quatro anos.
Ao contrário da Europa, o diesel ainda tem uma participação modesta no mercado estadunidense. Contudo, a firma de assessoria empresarial norte-americana J.D. Power prevê que a proporção de carros a diesel alcançará 15% até 2015.
Tal não impede certos fabricantes norte-americanos de se manterem céticos em relação ao diesel, preferindo apostar nos biocombustíveis e nos híbridos. Neste último segmento, a japonesa Toyota domina nos EUA, com sua econômica combinação de motor a explosão e elétrico.
Para Nick Zielinsky, responsável pelo setor de desenvolvimento da General Motors, a construção do motor diesel é simplesmente cara demais, o que limita sua competitividade. Apesar disso, no ano passado, já foram vendidas no país 480 mil unidades diesel, contra 350 mil automóveis híbridos.
Este é um dos motivos para o otimismo alemão. Michael Dick, diretor do Departamento de Desenvolvimento da Audi, argumenta: "Não poderemos evitar continuar desenvolvendo também os motores híbridos. Porém acreditamos alcançar uma eficiência superior com o diesel."
Vento em popaWissmann continua vendo uma grande chance para as marcas alemãs, e calcula que elas poderiam expandir em 60% seu faturamento no segmento diesel do mercado dos EUA, chegando a vender 180 mil veículos.
No ano passado, a Audi duplicou as vendas norte-americanas de seu robusto utilitário Q7; a Mercedes conseguiu o mesmo com sua classe G; a Volkswagen oferece o Touareg; o Cayenne, desenvolvido em conjunto com a Porsche, vendeu quase 20% a mais; as vendas do X5, da BMW, cresceram mais de 30%.
O desempenho total da indústria automotiva alemã no mercado dos Estados Unidos é atualmente excelente. Apesar dos ventos contrários no fronte monetário – desde o início de 2007, a cotação do euro aumentou 14% em relação ao dólar – as montadoras alemãs exportaram 3% a mais para aquele país, num total de 570 mil veículos. Em relação a 1995, o número das exportações quase triplicou, e, do total de carros alemães exportados, 13% se dirigem aos EUA.
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Deutsche Welle, 14/01/2008)