Lisboa - As Nações Unidas classificaram as cheias que estão a atingir a África Austral como as maiores da última década na região e alertaram que a situação "pode piorar" uma vez que se prevê a continuação da chuva.
Mais de 80 mil pessoas na Zâmbia, Zimbábue, Malaui e Moçambique foram afetadas pelas cheias, que começaram no início de dezembro, disse Lisa Schlein, das Nações Unidas, à rádio jornal Voz da América.
Moçambique é o país mais afetado, estimando a ONU que mais de 70 mil pessoas estejam "seriamente afetadas" pelas cheias.
De acordo com a porta-voz das Nações Unidas Elizabeth Byrs, pelo menos 30 mil moçambicanos tiveram de ser enviados para centros de desalojados.
Elizabeth Byrs disse ainda que muitas das vítimas se recusaram a abandonar as áreas mais perigosas, pelo que as autoridades tiveram de as retirar contra a sua vontade.
As chuvas torrenciais também estão a causar cheias em muitas áreas do nordeste do Zimbábue, onde já causaram 27 mortos, 8.000 desalojados e a destruição de zonas agrícolas.
Na semana passada, a Organização Internacional das Migrações (OIM) deu assistência de emergência a mais de 800 famílias no Zimbábue.
De acordo com o porta-voz da OIM Jean-Philippe Chauzy, o risco de contrair malária e as doenças transmitidas através da água estão a aumentar.
Na Zâmbia, as cheias já afetaram 500 a 800 pessoas em diversas regiões do sul, levando as autoridades de Lusaca a decretar o alerta vermelho em 34 dos 72 distritos do país.
A Cruz Vermelha Internacional já fez saber que as cheias também podem atingir o Lesoto, Suazilândia e Madagascar.
"A previsão meteorológica para os próximos sete dias não é favorável, espera-se mais chuva, que pode durar até abril. Se isso acontecer, a África Austral vai enfrentar cheias que poderão ter conseqüências catastróficas", disse um responsável da Cruz Vermelha Internacional.
Em 2007, estima-se que 285.000 pessoas foram afetadas pelas cheias ao longo do vale do rio Zambeze.
Nesse ano, à medida que os níveis das águas subiam e inundavam as áreas baixas, cerca de 100.000 pessoas procuraram abrigo em centros para desalojados.
Em 2000, as cheias no sul de Moçambique provocaram 640 mortos e afetaram dois milhões de pessoas, das quais 500 mil ficaram desalojadas.
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UOL, 14/01/2008)