Infectologista diz que, por não ter eliminado o mosquito da dengue, Brasil pode reurbanizar a febre Embora Porto Alegre seja considerada área livre de transmissão da febre amarela e não tenha registrado nenhum caso da doença até hoje, a procura pela imunização é grande. De quarta-feira até o final da tarde de ontem, foram aplicadas 4.119 doses da vacina contra a doença nos quatro postos da Secretaria Municipal da Saúde. A coordenadora da Equipe de Vigilância das Doenças Transmissíveis da SMS, enfermeira Maria de Fátima de Bem, reforçou que só as pessoas que forem viajar para as áreas de risco devem ser vacinadas. A vacina deve ser feita pelo menos dez dias antes da viagem, imunizando por dez anos.
No Centro de Saúde Modelo, que recebeu mil doses na manhã de ontem, 2.246 pessoas foram vacinadas, sendo 855 só na segunda-feira. Na Unidade Básica de Saúde da Tristeza, 663 doses foram aplicadas. Já no Centro de Saúde IAPI, outras 800 e, no Aeroporto Internacional Salgado Filho, 410. No Brasil, os locais de risco são áreas de matas e rios nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste, parte das regiões Nordeste (Maranhão, Sudoeste e Oeste do Piauí e Extremo-Sul da Bahia), Sudeste (Minas Gerais, Oeste de São Paulo e Norte do Espírito Santo) e Sul (Oeste do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Ontem, o governador de São Paulo, José Serra, frisou que só quem for viajar para as regiões de risco deve se vacinar. 'Depois que passar essa onda, pode até se vacinar. Mas agora não há necessidade, pois não há vacina que dê conta', disse.
Após duas crises nos últimos oito anos e por não ter eliminado o mosquito da dengue, o país corre o risco da reurbanização da febre amarela, segundo o médico infectologista Wilson Moraes Novaes, diretor clínico do Hospital de Doenças Tropicais. A possibilidade, que é motivo de preocupação maior para as autoridades médicas, está no trânsito de pessoas que viajam para áreas endêmicas sem vacinação. Depois, entram em áreas do ciclo silvestre da febre amarela, como matas e florestas, e retornam para áreas urbanas com a doença, como aconteceu com duas vítimas que morreram nos últimos dez dias no Brasil.
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Correio do Povo, 15/01/2008)