Centenas de pessoas que perderam suas casas nas enchentes do ano passado em Moçambique estão sendo novamente evacuadas com a cheia do Rio Zambezi, que ameaça os campos onde foram reassentados. Pelo menos 27 pessoas morreram no vizinho Zimbábue, onde as chuvas são as piores desde a era colonial, arrastando corpos e agravando a miséria econômica. Cinco outros países da região — Zâmbia, Malavi, Lesoto, Suazilândia e Madagáscar — podem sofrer inundações devido às recentes chuvas, segundo a Cruz Vermelha, em Genebra. A unidade de proteção civil de Moçambique mobilizou dois barcos para transportar 18 mil pessoas de duas áreas de assentamentos na província de Tete, no noroeste do país, para uma área mais segura.
— O número de desabrigados está atingindo um nível crítico — disse a chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Moçambique, Leila Pakkala. — Uma ação imediata é crucial para prevenir a erupção de doenças, que são a grande preocupação da crise, especialmente entre crianças — completou a líder da organização, que junto com outras entidades buscam apoiar os governos com uma força de prevenção contra cólera e malária e equipamentos para tratar água.
No ano passado, as chuvas torrenciais fizeram ao menos 40 mortos e mais de 120 mil desabrigados. Neste ano, cinco pessoas se afogaram e duas foram devoradas por crocodilos. A estimativa atual é de 50 mil pessoas desalojadas e mais 30 mil em situação de risco. O jornal oficial Herald, do Zimbábue, disse que ao menos 10 pessoas estão retidas por cinco dias na ilha de Mavingo, no sul. Elas ficaram presas quando o nível da água se elevou rapidamente na semana passada e correm o risco de morrer de fome ou afogados.
O jornal disse que os esforços para resgatar os habitantes — incluindo duas crianças — têm sido impedidos pelo aumento do nível das águas e funcionários locais estão pedindo ajuda às forças armadas. A previsão para a próxima semana é de mais chuvas, que poderiam durar até abril, de acordo com a Cruz Vermelha. Inundações localizadas são comuns na região, de novembro a março. Moçambique, um dos países mais pobres do mundo, investiu em operações para evitar desastres desde que inundações causaram 800 mortos em 2001.
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ZH.com, 14/01/2008)