Funcionários da empresa Furnas Centrais Elétricas deverão parar por seis dias neste mês, por causa de uma decisão judicial que determina a demissão de cerca de 4 mil contratados em até 30 dias. A primeira paralisação, de 24 horas, ocorre nesta terça-feira (15/01). A segunda, de 48 horas, está prevista para os dias 22 e 23. A última, de 72 horas, será entre os dias 29 e 31.
As informações foram divulgadas pelo presidente da Associação dos Funcionários Contratados de Furnas, Oséias dos Santos Neto. Segundo ele, não é possível demitir tantos funcionários em tão pouco tempo. “Não dá para substituir um contratado por um concursado tão rápido, porque é preciso de tempo para treinar. Um operador de usina precisa no mínimo mais de dois anos para operar sozinho”, afirmou.
Oséias dos Santos Neto afirmou que as usinas de Furnas não serão desligadas, porque os funcionários farão um esquema de plantão. Mas, se houver qualquer incidente extraordinário, como defeito nos geradores ou danificação das linhas de transmissão, não haverá ninguém para fazer o conserto.
O sindicalista afirma que o prazo se encerra no dia 11 de fevereiro deste ano. Segundo ele, a decisão da juíza da 8ª Vara do Trabalho, Larissa Lobo, pode comprometer o fornecimento de energia elétrica a diversos estados. “Com essa sentença, Furnas perde metade de sua mão-de-obra. Setenta e cinco por cento da energia da Região Sudeste, por exemplo, são gerados por Furnas. Sem os funcionários, ela não vai conseguir gerar energia para o país”, disse.
Oséias dos Santos Neto explicou que a Justiça quer a substituição de 2,5 mil funcionários contratados por concursados e a anulação da efetivação de cerca de 1,5 mil servidores contratados antes da Constituição de 1988. Com isso, Furnas teria que trabalhar com apenas cerca de 3 mil servidores concursados.
A assessoria de imprensa de Furnas informou que a decisão judicial pode comprometer também as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que tem a participação de Furnas, entre as quais estão três linhas de transmissão e sete usinas hidrelétricas, como a Usina do Rio Madeira, em Rondônia.
De acordo com nota divulgada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (Distrito Federal e Tocantins), está prevista uma multa de R$ 10 mil por cada funcionário contratado, caso Furnas descumpra a decisão judicial.
(Por Vitor Abdala, Agência Brasil, 14/01/2008)