Chegou a hora de o Brasil implementar o projeto internacional "Conservação e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentável através de uma Abordagem Ecossistêmica" - do qual o país foi convidado a participar, ao lado de África do Sul, Quênia, Gana, Índia, Paquistão e Nepal, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). No fim de 2007, após dois anos de negociação, o Comitê do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) aprovou a liberação de recursos para o projeto.
"Aguardamos agora o momento de fazer o acordo de doação para, em seguida, definir como serão feitas as chamadas para os subprojetos e iniciar a implementação do projeto ainda esse ano", revela Marina Landeiro, responsável pela iniciativa no Departamento de Conservação da Biodiversidade (DCBio). No Brasil, o projeto é coordenado por Braulio Dias, diretor do DCBio do Ministério do Meio Ambiente.
O projeto submetido ao GEF para financiamento inclui quatro componentes: levantamento de conhecimentos básicos sobre polinizadores; aplicação de boas práticas de manejo em benefício dos polinizadores; capacitação em vários níveis; estabelecimento de políticas públicas; e disseminação de resultados para conscientizar a sociedade sobre a importância da polinização. Em linhas gerais, o grande objetivo do projeto - que envolve a Iniciativa Brasileira de Polinizadores e diversos parceiros do governo e da sociedade - é promover a implementação da Iniciativa Internacional para a Conservação e o Uso Sustentável dos Polinizadores (IPI), uma decisão da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica em países em desenvolvimento.
"Queremos estabelecer áreas agrícolas cercadas por natureza intacta - para assim sustentar os polinizadores e, por fim, mudar a paisagem agrícola no País", reitera Marina. "Nossa intenção é mostrar ao agricultor que, mantendo a biodiversidade por meio de boas práticas agrícolas, ele terá ganhos em qualidade e quantidade". A idéia inicial é criar 20 sítios experimentais - dois em cada bioma brasileiro - que sirvam de modelo para o projeto de grande escala.
Em anos recentes, o desmatamento e o uso indiscriminado de pesticidas têm levado à escassez de polinizadores - abelhas, bombos, besouros, borboletas, morcegos, pássaros e outros animais que realizam o serviço ecológico fundamental que é a polinização. Além das evidentes implicações ambientais, a ausência de polinizadores em vários agroecossistemas tem resultado em perda de produtividade e de qualidade na produção agrícola.
(Ascom MMA, 11/01/2008)