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2008-01-14
Moradores e construtores avaliam moratória no Bairro Itacorubi

O pacote de projetos a ser avaliado pela Câmara de Vereadores da Capital, que disciplina a concessão de licenças para novos empreendimentos em Florianópolis, provocou a revolta de construtoras e a desconfiança de moradores.

O debate começou na sexta-feira, quando o prefeito Dário Berger (PMDB) pediu ao presidente de Câmara, Ptolomeu Bittencourt Júnior (DEM), a convocação extraordinária dos vereadores, em férias, para analisar cinco projetos. Três deles, se aprovados, regularizarão 80% dos estabelecimentos comerciais e mais de 60% dos imóveis residenciais da Capital .

O projeto mais polêmico é a possível suspensão por até dois anos de licenças para construções nos oito bairros da Bacia do Itacorubi.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil da Grande Florianópolis (Sinduscon), Helio Bairros, a idéia é estapafúrdia. Os novos empreendimentos erguidos na região, destaca, foram aprovados pelo poder público. Bairros considera a corrupção e a falta de fiscalização e de planejamento os principais responsáveis pela atual situação e afirma que, se os projetos forem aprovados, a cidade será prejudicada por interesses escusos e politiqueiros.

Moradores aprovam, mas com ressalvas

Na Bacia do Itacorubi, poucos moradores sabem das propostas, mas eles não deixam de observar a quantidade de tapumes de novas construções na região. Um exemplo é a roraimense Ananélia Alves. Desde que se mudou para o Bairro do Itacorubi, há 10 anos, viu surgirem mais quatro prédios e até um hotel em sua rua. Quando o último foi concluído, ela chegou a telefonar para a prefeitura:

- Me responderam que, se foi finalizado, é sinal de que estava tudo em ordem. Pra mim, estão querendo fazer média em ano eleitoral.

O gaúcho Marcelo Furlanetto tem opinião semelhante. Morador do Itacorubi há um mês, ele considera positiva a iniciativa. Ele veio para Florianópolis fugindo do tráfego de Porto Alegre e, vendo tantos novos prédios, espera que o trânsito de sua nova cidade não fique tão congestionado quanto o da anterior.

Empresários reprovaram as mudanças

O pacote anunciado pelo prefeito foi recebido por construtores da Capital como um soco no estômago. Eles acusam a prefeitura pelos muitos imóveis irregulares e alertam que as medidas vão gerar desemprego.

Para Nelson Moraes Filho, diretor-presidente da construtora Hantei, com quatro imóveis em construção na Bacia do Itacorubi, seria um absurdo uma cidade que recolhe milhares de reais em impostos das construtoras proibir novas obras.

Apenas sua empresa, afirma, garante trabalho a mil pessoas. Muitas delas perderiam o emprego. O presidente do Sinduscon, Helio Bairros, calcula que até 2 mil empregos podem deixar de ser criados em toda a Grande Florianópolis se a medida for aprovada. Além dos funcionários das construtoras, o comércio e o turismo também podem demitir, alerta.

Bairros garante que se preocupa com o futuro da cidade, e que as medidas inibem seu crescimento. Ele exige da prefeitura regras claras e segurança jurídica para novos empreendimentos. Todos os imóveis erguidos na Bacia do Itacorubi, destaca, foram construídos dentro da lei.

O presidente do Sinduscon acredita que, com a proibição de se erguerem novos edifícios no local as construtoras buscarão bairros ainda pouco explorados para construir.

As construções regularizadas, para ele, são a melhor forma de se evitar um processo de favelização que pode ser irreversível caso a cidade não aprove com urgência regras claras que lhe garantam um crescimento planejado e sustentável.


(Lucas Amorim, Diário Catarinense, 14/01/2008)


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