Quatorze anos após ser fechado, o garimpo de Serra Pelada, no Pará, pode ter a extração de ouro retomada. Com autorização do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais (DNPM), a empresa canadense Colossus está pesquisando quanto ouro ainda existe no local.
A empresa tem três anos para apresentar as conclusões. O ouro será procurado no subsolo e também na área dos rejeitos do antigo garimpo. Se o resultado for positivo, o mineral extraído será dividido entre a Colossus e os cerca de 40 mil garimpeiros da Cooperativa Mista dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), que encomendou a pesquisa.
Para o vice-presidente da Cooperativa, Assis Coelho de Magalhães, as expectativas são otimistas. “O garimpeiro é um otimista e acredita que tem muito minério. Mas o que vai dizer na verdade é o trabalho da pesquisa, que está sendo feito”, diz.
Segundo o geólogo e gerente de projetos da Colossus, Heleno Costa, os resíduos do mineral extraído por mais de uma década ainda representam fonte de riqueza. “Todo o moído e processado pelo garimpo formou uma grande quantidade de rejeito”, explica. “As informações obtidas serão exclusivas da Coomigasp.”
Por causa da mineração mecanizada, Heleno avalia que não devem ocorrer novas migrações de garimpeiros ao local, mesmo que seja encontrado muito ouro na região. “Mas o metal encontrado deve beneficiar a comunidade local”, ressalta.
O ouro em Serra Pelada foi descoberto pelo DNPM em 1976. Um ano depois, a notícia se espalhou e migrantes começaram a chegar à região em 1980. Em 1981, a população do local somava 30 mil pessoas, e três anos mais tarde, no auge da mineração, 100 mil pessoas viviam na região do garimpo.
Os primeiros garimpeiros extraíam ouro da lama das margens dos rios. Quando o metal se esgotou na superfície, a extração passou a ser feita das rochas. Mas a partir de 1984, a produção de ouro era menor a cada ano, até que, em março de 1992, o governo não renovou a autorização para garimpagem.
Quando o garimpo foi fechado, em 1994, 60 toneladas de ouro tinham sido retiradas. No lugar, onde existia uma montanha, sobrou apenas um buraco de 180 metros de profundidade.
(Por Leandro Martins,
Rádio Nacional da Amazônia/Agência Brasil, 12/01/2008)