Dia do Controle da Poluição por Agrotóxico a Assembléia Legislativa manifesta sua preocupação com esse tema. O Legislativo gaúcho tem se mobilizado sobre as questões do meio ambiente com várias ações e tendo o assunto como foco da maioria dos projetos protocolados em 2007. Um dos deputados preocupados com o tema é Miki Breier (PSB), que tem um projeto tramitando na Assembléia. O deputado quer melhorar a alimentação nas escolas, diminuindo a ingestão de frituras e guloseimas e incluindo os produtos orgânicos nos lanches. Miki salienta a importância da discussão desse tema e chama a atenção para a necessidade de incentivo às feiras de produtos orgânicos.

A questão dos agrotóxicos vem ganhando mais visibilidade no Brasil, desde a criação, em 2001, do Programa Nacional de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) /ANVISA, que atualmente faz o monitoramento de alimentos in natura. Existem cerca de 15.000 formulações para 400 agrotóxicos diferentes, sendo que cerca de 8.000 encontram-se licenciadas no Brasil, que é um dos cinco maiores consumidores de agrotóxicos no mundo, mas também deve ser levado em conta que é o quarto produtor mundial de alimentos.

O Engenheiro agrônomo e doutor em ciências do solo, Edemar Streck, responsável pela área de defesa sanitária vegetal da Emater, afirma que o uso dos agrotóxicos vêm aumentando em função do aumento das áreas de cultivo. A tendência, de acordo com o engenheiro, é a diminuição do grau de toxicidade dos agroquímicos, a chamada dose letal (DL) é bem menor do que há dez anos. "Embora a DL de alguns produtos tenha diminuído para os humanos, é altamente tóxica para animais de sangue frio, como peixes e répteis", explica. Os herbicidas são usados para controlar as plantas invasoras e são altamente tóxicos para o ecossistema das águas. Fungicidas para matar doenças e os inseticidas para matar insetos, sendo os que têm o maior grau de toxidade para os seres humanos.

Segundo Streck, existe baixa oferta de produtos orgânicos por ser muito difícil produzir sem o uso de agroquímicos de forma viável economicamente e com qualidade. "A questão dos agrotóxicos é uma preocupação geral e alguns produtos vêm sendo abandonados, mas hoje se faz pouca rotação de culturas e isso contribui para o aumento do uso de herbicidas, fungicidas e inseticidas. A rotação de cultivo é essencial, mas os fatores econômicos falam mais alto", lamenta. Outra causa apontada pelo agrônomo é o fato dos agricultores fazerem controle preventivo, o que acaba matando inimigos naturais e desequilibrando o ambiente, resultando na proliferação de pragas.

Os consumidores devem ter alguns cuidados que são explicados por Streck, como a aparência da batata inglesa que, segundo ele, quanto mais lisa, mais agrotóxico. Quanto as frutas, devem sempre ser lavadas e descascadas. " Nesses produtos, em sua maioria, são utilizados agroquímicos de ação de contato que ficam na superfície, mas alguns não temos como evitar, são absorvidos no tecido dos alimentos", alerta. Ele ainda ressalta como importante saber da origem dos produtos e observar os selos de qualidade.

(Por Rejane Silva, Agência de Notícias AL-RS, 11/01/2008)