Benguela, Angola - Os rios Catumbela, Coporolo e Cavaco, na província angolana de Benguela, vão deixar de surpreender, por vezes tragicamente, as populações com a inauguração do Sistema de Alerta Prévio de Inundações.
O sistema, financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em cerca de dois milhões de dólares, foi inaugurado na semana passada e corresponde a uma aspiração antiga das populações ribeirinhas destes três rios, em Benguela, província no litoral de Angola, a sul da capital, Luanda.
Estes três cursos de água, que chegam a Benguela desde o interior angolano, anualmente, durante a época das chuvas, que se estende de outubro a março, provocam inundações, algumas das quais trágicas para as populações nas suas margens.
Este projeto, que é encarado pela autoridades angolanas como um projeto-piloto, deverá ser, depois de testado, ampliado aos rios Kwanza e Zambeze, numa segunda fase, anunciou o ministro do Interior, Leal Monteiro Ngongo.
A escolha de Benguela para o início deste projeto, ainda segundo Ngongo, deve-se ao fato de ser uma das províncias onde as inundações têm sido mais problemáticas.
Este sistema de alerta para inundações, segundo Eugénio Laborinho, coordenador da Comissão Nacional de Proteção Civil, envolve três centros hídricos.
Dois destes centros situam-se no município do Caimababo, para vigiar os níveis dos rios Catumbela e Cavaco e o terceiro no município do Chongoroi com a mesma função para o rio Coporolo. O centro de comando, sob responsabilidade dos serviços de proteção civil, está instalado no Lobito.
Eugénio Laborinho explicou à Agência Lusa que o sistema de alerta implica o processamento de dados via satélite, o que permite ainda tratar e fornecer informações de dispositivos semelhantes na sub-região de desenvolvimento da África Austral(SADC).
O coordenador da Comissão Nacional de Proteção Civil Informou ainda que este projeto envolve ações de formação entre as populações com a ajuda das autoridades tradicionais para a sensibilização das comunidades para uma correta interpretação dos sinais de aviso do sistema.
A determinação do risco dependerá de um processo histórico que será criado consoante os níveis de cheias a serem registrados.
O projeto tem um caráter integrado que inclui também o desassoreamento e regulação dos rios Catumbela, Coporolo e Cavaco através da construção de diques de proteção nas margens e de drenagem dos leitos, orçado em cerca de 39 milhões de dólares. Apesar de os trabalhos em curso, a cargo da construtora brasileira Odebrecht, terem a mesma tipologia, principalmente a construção de diques nas margens, através da acumulação de aterros, o rio Cavaco não tem caudal permanente.
Segundo apurou a Lusa no local, alguma controvérsia tem surgido entre as populações por não ser claro o porque de dois rios com comportamentos distintos, o volumoso Catumbela e o de caudal periódico, Cavaco, estarem a ser protegidos através de diques do mesmo tipo, terra e pedra.
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UOL, 13/01/2008)