Seis manifestantes foram presos na Sardenha no sábado após uma segunda noite de confronto com a polícia italiana por causa de toneladas de lixo levadas à ilha do Mediterrâneo desde Nápoles, que enfrenta uma crise na destinação de seus dejetos.
Cerca de mil pessoas que protestavam em Cagliari, capital da Sardenha, queimaram caçambas de lixo, atiraram pedras na polícia e empilharam sacos de lixo perto da vila onde mora o governador-geral Renato Soru, a quem eles criticam por ter concordado em receber uma parte dos dejetos napolitanos.
Um porta-voz da polícia disse que oito policiais foram levemente feridos, acrescentando que o protesto havia diminuído na manhã de sábado.
A Sardenha, uma popular região de veraneio, foi a primeira a atender ao chamado do primeiro-ministro Romano Prodi para que autoridades locais ajudem a aliviar a crise em Nápoles, onde 140 mil toneladas de lixo acumularam-se nas ruas após todos os depósitos terem se enchido.
Em uma viagem a Malta, Prodi condenou a violência, dizendo ter uma impressão "muito ruim" dos manifestantes.
"O governo não pode tolerar que esse problema fique sem solução", disse ele a jornalistas, afirmando que todos tinham um dever de solidariedade em relação a Nápoles. "Essa emergência é uma vergonha para toda a Itália."
Os primeiros carregamentos de lixo chegaram à Sardenha na noite de quinta-feira, dando início aos confrontos entre moradores e policiais.
Outras regiões da Itália, como a Sicília, concordaram depois de alguma relutância em receber uma parte das montanhas de lixo. Em Nápoles, o Exército está ajudando a limpar as ruas.
A crise do lixo em Nápoles é um embaraço para Prodi e sua coalizão de centro-esquerda, que governa a cidade bem como a região vizinha da Campânia. Milhares de pessoas marcharam através da cidade nesta semana, e um dos subúrbios transformou-se numa terra sem lei durante a noite.
O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, discutirá a situação com Prodi ainda neste sábado. A União Européia está acompanhando atentamente a disputa, e uma autoridade disse que Bruxelas pode acelerar medidas legais que já tomou contra Roma por seu gerenciamento de dejetos, caso não haja melhoras.
Nápoles encontra-se em estado de emergência sobre a deposição de dejetos, um negócio no qual a máfia local está amplamente envolvida, por 14 anos.
Prodi apontou nesta semana um ex-chefe da polícia nacional como "czar do lixo" e deu a ele quatro meses para solucionar a crise. Mas um grande incinerador na região de Nápoles que deveria estar em funcionamento desde o ano passado só começará a trabalhar em 2009.
(Por Giselda Vagnoni e Roberto Bonzio, UOL, 12/01/2008)