Após quase dois meses de perseguição em alto mar, o navio Esperanza, da ONG Greenpeace, anunciou ter encontrado nesta sexta-feira (11) com a frota japonesa que realiza caça de baleias no oceano Antártico.
De acordo com a ONG, o encontro aconteceu em local considerado como santuário de baleias pela CIB (Comissão Baleeira Internacional). Após perceberem a presença da embarcação do Greenpeace, os navios japoneses teriam se afastado em alta velocidade.
Ao encontrar com o Yisshin Maru --um dos navios da frota--, os ativistas dizem ter enviado um comunicado via rádio, em que pediram à tripulação dos baleeiros que "interrompessem a caça e retornassem ao porto imediatamente".
O Greenpeace informa que caso os navios japoneses continuem com a caça, a tripulação a bordo do Esperanza pretende promover ações não-violentas que impeçam a atividade dos baleeiros. Estas ações, conforme informa a assessoria da ONG no Brasil, geralmente consistem em utilizar um bote, que se aproxima do navio japonês e lança jatos d'água formando uma "cortina" entre as baleias e os navios que disparam os arpões.
Críticas
A ONG condena a expedição dos baleeiros na região, pois considera que a caça científica --justificativa utilizada pelos japoneses para abater as baleias-- é uma farsa.
De acordo com o governo japonês, a expedição do Institute of Cetacean Research, responsável pela caça as baleias no oceano Antártico, pretende coletar informações para melhor administrar as espécies baleeiras da segunda fase do programa "Japanese Whale Research Program".
Porém, em meio a fortes críticas internacionais, o governo japonês suspendeu no fim de dezembro a caça de baleias jubarte que seria realizada. Os navios japoneses ainda pretendem caçar baleias mink e baleias fin.
Vigilância
Na segunda-feira (7), a Austrália, uma das maiores críticas à caça de baleias, anunciou que irá vigiar por mar e pelo ar os baleeiros japoneses na Antártida.
A embarcação Oceanic Viking, do Departamento de Alfândegas australiano e o Airbus A-319, usado pela missão científica da Austrália no continente Antártico acompanharão as atividades da frota japonesa na Antártida e informará ao governo australiano todas as incidências e o número de baleias capturadas, além de suas espécies.
A caça comercial de cetáceos é permita apenas na Noruega, mas Japão e Islândia caçam mais de duas mil baleias por ano com fins científicos, o que, segundo grupos ambientalistas, é uma forma encoberta de caça para fins comerciais.
Brasil
Entre os ativistas do Greenpeace no navio Esperanza, está a bióloga brasileira Leandra Gonçalves, 25, coordenadora da campanha de baleias do Greenpeace Brasil.
Esta é a primeira vez que a América Latina tem presença significativa na ação do Greenpeace contra a caça de baleias. Além da brasileira, um argentino, um chileno e um panamenho estão a bordo do Esperanza.
(UOL, 11/01/2008)