O juiz federal substituto, Flávio da Silva Andrade, da 2ª Vara Judiciária de Rondônia, determinou no final do mês passado a suspensão das obras do Linhão Jauru-Samuel, que prevê a interligação dos estados de Rondônia e Acre ao Sistema Interligado Nacional de energia elétrica. A ordem foi expedida com base em ação movida pelo Ministério Público que alegou a existência de irregularidades no licenciamento. A ação foi impetrada pelo subprocurador-geral de Justiça do estado, Ivo Benitez.
Segundo o subprocurador as licenças ambientais concedidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sedam) ao linhão estão em desacordo com a legislação ambiental.
Benitez explica que se trata de um empreendimento que foi dividido em diversos trechos com a intenção de agilizar o processo de licenciamento. Para ele, os interessados dividiram o pedido de licenciamento ambiental nos seguintes trechos: Jauru-Vilhena; Vilhena-Pimenta Bueno; Pimenta Bueno-Ji-Paraná; Ji-Paraná-Ariquemes e Ariquemes-Samuel para facilitar a obtenção da licença, o que ele entende ser ilegal.
"Houve um desvio, pois a obra foi dividida, descaracterizando a necessidade da realização do Estudo de Impactos Ambientais (EIA-RIMA), que deve ser feito pelo Ibama", explicou o promotor ao lembrar que a questão sócio-econômica foi também um dos motivos que o levou a pedir a suspensão da obra. "Com o Linhão, Rondônia deixará de arrecadar R$ 180 milhões por ano", disse o promotor em entrevista ao jornal online Rondonoticias.
O diretor técnico das Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Inácio Azevedo, informou em entrevista ao site Rondonia aovivo que a linha de transmissão entre Samuel e Ji-Paraná já está pronta e no trecho entre Ji-Paraná e Pimenta Bueno, os cabos já foram lançados. Segundo ele, a previsão era para que até final de 2008 Rondônia já fizesse parte do Sistema Interligado Nacional (SIN).
EletronorteDe acordo com o superintendente em exercício da Eletronorte, José Guilherme, as obras deverão garantir a geração de energia a partir de fontes que causam menos danos ao meio ambiente.
"O sistema oferece de forma preferencial a eletricidade vinda de hidrelétricas, reduzindo a utilização de termoelétricas que precisam queimar óleo diesel. Com isso, teríamos um meio de oferecer o produto de forma menos danosa à natureza", explicou.
Guilherme informou que atualmente Rondônia e Acre chegam a consumir cerca de 56 mil litros do combustível por dia para manter em funcionamento os aparelhos eletroeletrônicos das residências e das fábricas dos dois estados.
"O fim das obras do linhão estava previsto para outubro de 2009, oferecendo de forma estratégica a energia para todas as regiões, mas a suspensão representará um atraso nos projetos", afirmou o superintendente em exercício.
Com o sistema interligado, as termoelétricas que funcionam por meio de óleo diesel seriam acionadas em último caso. (Freud Antunes)
GasodutoA Região Norte está numa fase de crescimento de consumo de energia elétrica. Em 2008 o aumento será de 8,5%, acima da média do País, que atualmente é de 5%. Essa afirmação é baseada em dados de estudos da Eletrobrás. Benitez entende que, com a suspensão das licenças que autorizariam a construção do Linhão, o momento é propício para que asociedade organizada discuta em reuniões e audiências públicas os benefícios que o Estado receberá com a chegada do Gasoduto Urucu-Porto Velho para geração de energia nos próximos anos. "Esse é o momento de cobrar a construção do Gasoduto Urucu-Porto Velho. Essa forma de energia trará benefícios econômicos e sociais para o Estado, pois favorecerá a vinda de grandes empreendimentos".
O comitê de apoio ao empreendimento, o "Gasoduto Já!", formado por estudantes rondonienses e sociedade civil, tem conseguido mobilizar parlamentares federais, estaduais e toda comunidade sobre os benefícios que o Gasoduto levará ao Estado. Após a confirmação do Ministério de Minas e Energia (MME), sobre a existência de gás natural na Bacia Petrolífera de Urucu, deputados e senadores entraram com propostas para audiências públicas com o objetivo de discutir e defender a construção do empreendimento.
Há sete anos as autorizações para a construção do Gasoduto estão paralisadas na burocracia do governo federal. "É uma vergonha nacional. O que o governo tem contra Rondônia?", questiona o deputado federal Moreira Mendes (PPS-RO).
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A Tribuna, 10/01/2008)