O rompimento da barragem de uma usina hidrelétrica em construção, em Vilhena (698 km de Porto Velho), na tarde de quarta-feira (09/01), causou danos ambientais e a retirada preventiva de ao menos 200 famílias de suas casas.
Com volume estimado em 3,1 bilhões de litros de água e cerca de 40 metros de altura, o reservatório da PCH (Pequena Central Hidrelétrica) de Apertadinho, do grupo privado Cebel (Centrais Elétricas Belém S/A), se rompeu por volta das 14h desta quinta-feira. O acidente colocou em risco moradores das cidades de Pimenta Bueno e Cacoal, cortadas pelo rio Comemoração (ou Melgaço), onde fica a usina.
Havia possibilidade de uma onda de cheia com velocidade de até 10 km/h atingir a região. O vazamento, contudo, se dispersou no caminho e foi contido pela barragem de outra usina, a Rondon 2, a 73 km do ponto do rompimento, por volta da meia-noite de ontem. As características do terreno --de planície e pouco acidentado-- também contribuíram para amortecer a força das águas.
"O segundo empreendimento segurou a tromba d' água. Os maiores danos foram nas matas ciliares [que margeiam cursos de água] no trajeto. Nenhuma cidade foi invadida e não temos notícia de desabrigados até o momento", disse, na tarde de hoje, o gerente ambiental do governo de Rondônia, Marcus Lemgruber.
Os moradores de Pimenta Bueno --primeira cidade na rota da cheia-- que haviam sido desalojados por precaução começaram hoje mesmo a voltar para casa. Havia previsão de que o nível do rio Comemoração subisse 50 centímetros na cidade, atingindo 4,8 metros --patamar ainda inferior à máxima histórica, de nove metros.
Segundo o Corpo de Bombeiros do Estado, a área atingida pelas águas é desabitada. Os danos apurados até o momento são ambientais e na estrutura da usina de Apertadinho.
Em nota, a Defesa Civil de Rondônia e o Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) informaram que a situação estava "sob controle" e descartaram o "cenário mais pessimista que chegou a ser projetado".
Causas As causas do rompimento ainda são desconhecidas --o governo de Rondônia suspeita de falha geológica no terreno ou problemas na construção das barragem.
A usina de Apertadinho é construída pelo consórcio Vilhena, formado pelas empresas Schahin Engenharia e Empresa Industrial Técnica. O consórcio afirmou ontem, em nota, que "está adotando as medidas cabíveis para apurar as causas do ocorrido".
Na Cebel, a reportagem foi atendida por um funcionário que se identificou como Sérgio. Ele disse que o grupo enviou técnicos a Rondônia para avaliar a situação e produzir um relatório para a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre o ocorrido.
(Pablo Solano, Matheus Pichonelli e Rodrigo Vargas,
Folha Online, 10/01/2008)