A presidente Cristina Fernández de Kirchner admitiu a existência da crise energética que assola a Argentina. Durante um discurso na Casa Rosada, o palácio presidencial, confessou que na terça-feira (8) ocorreram 50 mil cortes simultâneos de eletricidade na região metropolitana de Buenos Aires. Mas, a presidente descartou que a crise seja culpa do governo, já que segundo ela, os problemas foram provocados pelo aquecimento global, que na Argentina geraram uma semana de intenso calor em todo o país.
O sistema energético esteve à beira do colapso energético por causa do aumento da demanda de energia por parte dos consumidores residenciais. O aumento foi provocado pelo uso intenso de ares condicionados e ventiladores, já que a região de Buenos Aires e sua área metropolitana foram assoladas por uma onda de calor que implicou em 42 graus de sensação térmica.
A presidente afirmou que as empresas de energia ainda não se adaptaram "às mudanças (climáticas) que ainda continuarão acontecendo". Segundo Cristina Kirchner, os apagões desta semana afetaram 5,87% das residências argentinas.
Os apagões afetaram os bairros portenhos de Caballito, Flores, Palermo e Belgrano, além dos municípios de Vicente López, Olivos e Lanús, na Grande Buenos Aires.
Desde 2004, quando a Argentina começou a ser atingida pela escassez de gás e petróleo (quase metade da geração de energia elétrica é realizada em termelétricas que funcionam a gás e petróleo) e problemas nas principais hidrelétricas (além de falhas constantes nas duas usinas nucleares), o governo do presidente Néstor Kirchner recusou-se a admitir a existência de uma "crise".
A admissão da crise, embora Cristina Kirchner tenha colocado a culpa no clima do planeta, constitui um avanço em relação à postura do governo de seu antecessor e marido. A presidente pediu às empresas do setor energético que realizem "mais investimentos" para enfrentar a demanda de eletricidade, que cresce a cada mês, empurrada pela recuperação econômica do país.
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Ambiente Brasil, 11/01/2008)