Colunista destaca que vida de trabalhadores rurais não é tão "adorável" quanto o biocombustívelArtigo publicado na edição de ontem (10/01) do The New York Times diz que "a produção de etanol de cana-de-açúcar do Brasil — o biocombustível do século 21, amigo do ambiente por excelência — esconde problemas sociais duradouros".
O texto é assinado por Roger Cohen, colunista da seção de Opinião do jornal e editor do The International Herald Tribune. O jornalista embasa sua argumentação em uma visita à Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool (CBAA), em Campos (RJ), e sua conversa com uma cortadora de cana, Danuza Gomes da Silva.
Cohen relata que Danuza tem quatro filhos, aos 35 anos, e recebe entre R$ 13,60 e R$ 22,10 por dia, dependendo da produção. Conta também ter visto "do lado de fora de um dormitório improvisado para trabalhadores migrantes, homens estavam derrubados sob roupas penduradas para secar".
Para o colunista, "o etanol, renovável e relativamente limpo, é adorável. A vida dos trabalhadores rurais brasileiros migrantes, finita e quente, não é".
Cohen lembra que o Brasil passou por uma reforma de imagem radical nos últimos anos — "da terra sem seriedade do samba, favelas, futebol e florestas, ele se tornou o reino da produção de etanol avançada, dos carros bicombustíveis que rodam em qualquer combinação de álcool e gasolina, e da revolução do biocombustível que pode livrar o mundo do barril de petróleo de US$ 100".
Para o colunista, "um novo combustível não deveria carregar uma praga freqüente do petróleo: o enriquecimento de uma pequena elite".
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Zero Hora.Com, 10/01/2008)