Por enquanto, não há perspectiva de falta de gás no Nordeste, assegurou nesta quinta-feira (10/01) a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa. A empresa esclareceu que em períodos de seca as termelétricas têm que entrar em operação e, com isso, o fornecimento de gás natural diminui.
A estatal prevê inaugurar até maio a primeira usina de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL), em Pecém, no Ceará. O produto será adquirido em vários países e virá em navios especiais. O GNL é considerado uma alternativa ao diesel e ao petróleo, uma vez que pode ser comercializado por grandes distâncias, sem depender de gasodutos.
Ainda no primeiro semestre, deverá entrar em funcionamento a segunda usina de regaseificação, instalada na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. As duas unidades poderão aliviar o problema da falta de gás, segundo a assessoria. A perspectiva é de que mais usinas sejam construídas no país, mas nada foi definido ainda pela Petrobras – o assunto está em análise pela área técnica da estatal, informou a assessoria.
No início do mês, a diretora de Gás e Energia, Graça Foster, afirmara que a empresa já teria comprado GNL para atender à demanda da estatal neste ano, relacionada ao Termo de Compromisso firmado pela Petrobras com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Por ele, a estatal se compromete a fornecer combustível (gás natural ou óleo) para usinas térmicas no Nordeste, Sudeste e Sul. O compromisso é de que elas gerem 3.970 megawatts de energia neste primeiro semestre e 4.675 megawatts no segundo. Os volumes seriam ampliados até 2011.
O parque termelétrico da Petrobras inclui dez usinas próprias, uma delas – a Bahia 1, em Camaçari – movida a óleo combustível. As restantes, com participação de 100% da estatal, são Rômulo Almeida (BA), Governador Leonel Brizola (RJ), Euzébio Rocha (SP), Mário Lago (RJ), Barbosa Lima Sobrinho (RJ), TermoCeará (CE), Sepé Tiaraju (RS), Luís Carlos Prestes (MS) e Juiz de Fora (MG), todas abastecidas por gás natural, pode também receber gás de refinaria.
Três delas estão sendo transformadas em bicombustíveis e a previsão é de que o processo esteja concluído ainda neste mês na de Sepé Tiajuru, e em setembro nas usinas Barbosa Lima Sobrinho e TermoCeará.
A Petrobras é também acionista nas termelétricas a gás natural Celso Furtado (BA), Jesus Soares Pereira (RN), Norte Fluminense (RJ), Aureliano Chaves (MG), Araucária (PR) e Fernando Gasparian (SP).
A estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é de que a participação do gás natural na matriz energética subirá dos atuais 9,4% para 16%, em 2030. Para atender à demanda prevista de 134 milhões de metros cúbicos de gás ao dia em 2012, a Petrobras tem investimentos planejados de US$ 18,2 bilhões na cadeia de gás e energia.
Segundo informou a assessoria, isso deve garantir que a entrega diária de gás natural pela empresa se eleve dos 27,5 milhões de metros cúbicos registrados em 2006, para 72,9 milhões de metros cúbicos em 2012, somente de gás produzido no país. A esse volume se somam mais 30 milhões de metros cúbicos diários de gás da Bolívia e outros 31,1 milhões de metros cúbicos diários de gás natural liquefeito (GNL).
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 10/01/2008)