NÁPOLES, Itália - A batalha contra o lixo que toma conta das ruas de Nápoles (sul) começou nesta quinta-feira com o envio para outras províncias de toneladas de detritos que se acumularam em duas semanas pelas ruas, sem que isso acalme o clima tenso nos subúrbios próximos ao depósito que as autoridades querem abrir.
No início desta quinta-feira, cerca de 500 toneladas de lixo foram enviadas para a ilha da Sardenha, que aceitou receber os despejos da região da Campagna.
A decisão das autoridades da Sardenha foi mal recebida pela população local que protestou contra a operação.
Várias regiões italianas se negaram abertamente a receber o lixo napolitano temendo a reação de seus próprios moradores.
No bairro de Pianura, símbolo da crise, onde se encontra o depósito que as autoridades desejam abrir, centenas de vizinhos realizam protestos diários para impedir que seja aberto chegando a entrar em confrontos violentos com as forças de segurança.
As empresas encarregadas da coleta, escoltadas pela polícia, começaram a retirar à noite restos de comida, papéis, bolsas de plástico, roupas velhas, pedaços de objetos quebrados e outros despejos da entrada das escolas e das repartições públicas.
Em alguns pontos da cidade, grupos de manifestantes atacaram durante a noite os caminhões que levavam bombeiros, chegando a ferir sete.
Em mais de 80 ocasiões, os bombeiros tiveram que intervir durante a noite em toda a região da Campagna para apagar os incêndios e evitar que a fumaça gerada afete a saúde da população.
O governo italiano adotou na terça-feira uma série de medidas especiais para solucionar "de forma definitiva" a crise do lixo e advertiu que recorrerá inclusive ao exército para resolver os casos mais urgentes.
Além da ineficiência crônica dos centros de tratamento e armazenamento, a região sofre com a falta de depósitos em número suficiente.
Por outro lado, a máfia local, a Camorra, aproveitou a situação para criar depósitos ilegais, um negócio lucrativo nessa região, sem cumprir as normas específicas, situação que põe em risco a saúde pública.
(
G1, 10/01/2008)