Lisboa - A organização não-governamental portuguesa Oikos, que trabalha na assistência às pessoas afetadas pelas enchentes em Moçambique, estima que o número de desalojados pode chegar a 285 mil.
Duas semanas depois de dado o alerta de inundações no centro de Moçambique, mais de 35 mil pessoas já foram transferidas para centros de acolhimento, sem acesso a alimentação nem água potável.
"Se a situação continuar a se agravar, cerca de 285 mil pessoas serão afetadas pela subida do rio Zambeze", afirma em comunicado a coordenadora geral da ONG, Claire Fallender.
"Com as inundações, os danos e a contaminação dos poços e fontes de água conduzirão a fortes problemas de epidemias e saneamento ambiental", afirma a ONG, acrescentando que "as famílias perdem também o que tinham armazenado, bem como os seus campos de cultivo".
Com uma equipe de 17 técnicos na área mais afetada, a Oikos aponta o acesso a água potável como uma das principais necessidades na região. Atualmente, a entidade assiste mais de 49 mil pessoas em Moçambique, num total de 11.676 famílias.
MedidasAs autoridades moçambicanas ativaram 13 centros de acomodação em quatro províncias, onde estão temporariamente alojadas cerca de 7.500 famílias, das 41 mil pessoas afetadas pelas enchentes.
A maioria dos centros está localizada em Nova Mambone, em Inhambane (sul), acolhendo um total de 3.445 famílias deslocadas em conseqüência do transbordamento das águas das bacias hidrográficas da zona centro.
Por províncias, Sofala é a que dispõe de mais centros: Buzi (538 famílias), Caia (270), Machanga (211), Dondo (209), Marromeu (74) e Chemba (11). A província de Tete tem o centro de Mutara, com 1.861 famílias.
Segundo dados oficiais, as inundações no centro de Moçambique provocaram até o momento três mortos e 41 mil deslocados e destruíram 17.800 hectares de plantações. Moçambique é atingido por fortes chuvas desde dezembro.
RefúgioMais de 130 famílias de quatro ilhas pertencentes ao posto administrativo de Chire, na Zambézia (centro de Moçambique), se refugiaram no Malaui.
O administrador do distrito de Morrumbala, Virgílio Gonzaga, disse que as pessoas abandonaram suas casas devido às enchentes registradas no país africano.
De acordo com Gonzaga, as famílias que foram para o Malaui viviam numa área propensa a inundações, na confluência dos rios Ruo e Chire, nas áreas de Tengane (posto administrativo sede) e Chilumo.
Em declarações à Agência Lusa, Virgílio Gonzaga disse que as famílias, incluindo crianças, chegaram ao Malaui em pequenas embarcações.
No distrito de Morrumbala, com 68,3 mil habitantes, cerca de 420 famílias foram afetadas pelo transbordamento da bacia do rio Zambeze.
(
UOL, 10/01/2008)