O governo do Reino Unido anunciou nesta quinta-feira a aprovação dos planos de construir uma nova geração de reatores nucleares no país, já que a maioria das usinas energéticas que funcionam atualmente deve ser fechada até 2023.
O anúncio foi feito pelo ministro do Comércio britânico, John Hutton, que afirmou existirem provas "contundentes" para apoiar a decisão e que essa é uma das formas mais "acessíveis" para o Reino Unido reduzir as suas emissões.
A decisão do governo do primeiro-ministro Gordon Brown provocou críticas do movimento ambientalista, que considera a energia nuclear cara, suja e perigosa.
"Mesmo as estimativas mais otimistas indicam que uma nova geração de usinas nucleares vai reduzir as emissões britânicas apenas 4% até 2024: muito pouco e muito tarde", afirma uma nota do Greenpeace.
DebateUm dos principais argumentos contra o uso de energia nuclear é a falta de soluções definitivas e acessíveis para o lixo nuclear.
No entanto, ambientalistas também dizem que o investimento em energia nuclear desvia o investimento em energias renováveis, que ajudariam a combater o aquecimento do planeta.
"A mudança climática é a maior ameaça diante do planeta. Se o governo pretende enfrentá-la seriamente, temos que parar de atuar nas margens e introduzir políticas fortes para apoiar energias renováveis", afirmou o grupo ambientalista britânico Friends of the Earth.
Na quarta-feira, Gordon Brown afirmara que o país precisa de um fornecimento de energia mais independente.
Atualmente, a energia nuclear corresponde a 20% do consumo nacional, e o governo afirma que a tecnologia já não é cara, diante dos altos preços do petróleo e do gás natural.
Entre os países mais ricos da Europa, o Reino Unido é um dos que menos investe em energias renováveis.
Em comparação com a Alemanha, por exemplo, os britânicos produzem cerca de 300 vezes menos energia solar e dez vezes menos energia eólica.
A oposição conservadora no Parlamento britânico apóia o investimento em energia nuclear, desde que ele não dependa de subsídios do governo.
Já os liberais-democratas, outra corrente política expressiva do Parlamento, exigem um investimento maior em energias renováveis e em eficiência, em vez de "elefantes brancos nucleares".
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Folha Online, 10/01/2008)