Comusa diz estar preparada e eleva produção para atender demanda nesta época.
Novo Hamburgo - As altas temperaturas registradas no verão trazem na bagagem um aumento no consumo de água na comparação com o período do inverno. Prova disso é que a Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo (Comusa) eleva a produção para atender a demanda durante os meses escaldantes. Para se ter uma idéia, são produzidos 65 mil metros cúbicos de água diariamente no verão, 20% a mais do que no inverno. Regar o quintal, lavar carros e calçadas e tomar mais banhos, que costumam ser mais longos, são algumas das práticas que acabam contribuindo para o crescimento do consumo.
De acordo com o diretor-presidente da Comusa, Renato Raymundo Pilger, a produção aumenta conforme a demanda. “Nós estamos trabalhando tranqüilamente. A população não precisa se preocupar, por enquanto, com racionamento de água, porque não temos previsão de estiagem e o comportamento do nível do Rio dos Sinos é bom, está girando em torno dos 3,67 metros em relação ao nível do mar, quando o nível crítico é de 2,14 metros. Além disso, somente os fatores de excesso de água ou a falta dela, o que não ocorre, acarretam em um maior tratamento”, explica.
Estoque
Sob o calor opressivo das 16 horas de ontem, o aposentado Elvino de Godoes, 58 anos, deslocou-se de bicicleta de sua cidade, São Leopoldo, para reabastecer seu estoque de água na bica do bairro Ouro Branco, em Novo Hamburgo. Após o trajeto de mais de 30 minutos com o sobrinho Mateus Soares, 12, na carona, Elvino encheu uma por uma as mais de 20 garrafas pet de 2 litros que trouxe consigo. Mesmo cansado, o leopoldense garantiu que não abre mão de beber da água da bica hamburguense. “É uma água limpa e pura, é cansativo vir até aqui abaixo de sol, mas compensa, já que eu levo água para toda família’’, explica o aposentado.
Consciente, Elvino assegura que, em sua casa, a água da torneira também é valorizada. E são pequenas atitudes, demonstra ele, que fazem a diferença, não apenas na conta de água. “Sei que estou fazendo a minha parte, evitando todo e qualquer desperdício’’, diz. E exemplifica: “Lá em casa, ninguém abusa do chuveiro e todos respeitam o consumo moderado. Minha esposa ensaboa toda a louça antes de enxaguar. Meu filho fica controlando a mangueira quando vai lavar o carro, desligando a torneira quando ela não é necessária.’’
Reaproveitamento e economia são as opções
Foi com o próprio filho que a auxiliar de serviços gerais Lúcia da Silva aprendeu a racionalizar o consumo de água em sua casa. “Meu filho estuda e já me explicou que um dia a água pode faltar. Eu procuro economizar o máximo possível, tanto na minha casa quanto no meu trabalho’’, relata Lúcia. Além de manter desligada a torneira enquanto escova os dentes, ou enquanto ensaboa a louça, a hamburguense ainda tem outras saídas para reaproveitamento de água. Um dos exemplos mais significativos é o que ela faz quando lava roupa. A mesma água que lavou a roupa suja é a que será utilizada para lavar a calçada. “Acho que é fácil economizar a água que consumimos, é só querer’’, resume. Apesar dos bons exemplos, a conscientização ainda é uma necessidade. Renato Pilger diz que a Comusa exerce um trabalho constante nesse sentido. “Continuamos com campanhas de conscientização para economizar esse bem tão precioso, que é água’’, salienta o diretor-presidente da Comusa.
Disposta a ter resultados positivos, ainda que a longo prazo, a Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo (Comusa) traz em suas contas mensagens para incentivar a valorização da água e também mantém abertas as portas do Laboratório de Educação Ambiental (LEA) para estudantes. Somente no segundo semestre do ano passado, dez mil crianças da 3.ª a 5.ª série do ensino fundamental passaram pelas dependências do LEA. “É um aprendizado que proporcionamos para os alunos, pois assim eles ficam mais próximos e ajudam a trabalhar de maneira consciente não somente a questão da água, mas do tratamento de esgoto, do lixo, do meio ambiente em geral, frisou Pilger. O Laboratório também atende estudantes do programa para Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a terceira idade no período de férias escolares.
Comusa está preparada para atender demanda
A média dos 20% de aumento no consumo de água no verão vem se mantendo nos últimos anos, explica o engenheiro da Comusa Paulo César Lang. Segundo ele, a companhia tem seu sistema dimensionado para atender no pior dia e no pior horário. A cada ano, prossegue o engenheiro, se espera um aumento de 15 a 20% no consumo. “Assim, ficamos preparados para o pior, que seria os 20% de aumento em relação ao inverno’’, complementa. O pico de consumo de água em Novo Hamburgo, nessa época do ano, começa às 9 horas e prossegue até às 15 horas, aproximadamente, por causa do calor. “Mesmo no ano passado, por exemplo, que foi um verão mais tranqüilo, ameno, e de muita chuva, a média se manteve nesse percentual, então nosso intuito é estarmos sempre preparados para um consumo alto’’, conclui.
Apesar da estrutura que opera para que não falte água aos hamburguenses, alguns bairros de Novo Hamburgo sofrem rotineiramente com esse problema. No bairro Hamburgo Velho, a situação ocorre independentemente da época do ano. Renato Pilger explica que existem alguns setores em Novo Hamburgo que ou são muito afastados ou muito elevados em relação às redes de abastecimento. Por causa disso, muitas vezes ocorre a falta de água ou a falta de pressão de água. A Comusa já trabalha em um programa de substituição de rede nesses locais, para sanar o problema e, ainda, combater o desperdício que vem com ele. O ideal, porém, considera Pilger, é que toda a casa, apartamento, prédio comercial e outras construções tivesse um reservatório de água, calculado conforme cada estrutura. “O correto é cada unidade ter uma reserva para suprir pelo menos um dia sem água’’, complementa.
(Por Alice Rodrigues e Marcela Brown, Jornal NH, 10/01/2008)