Ao menos por enquanto, não é necessário alertar a população para economizar energia, afirmou nesta quarta-feira (09/01) o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner. Na entrevista em que descartou o risco de racionamento de energia como o que ocorreu em 2001, ele rebateu os alertas de especialistas de que o país pode enfrentar escassez de eletricidade.
“Há 4 anos ouço especialistas dizendo que vai faltar energia e não acontece”, contestou o ministro. “Se for observar isto, vou ficar maluco.”
Segundo Hubner, o Brasil atualmente conta com mecanismos para prevenir o racionamento. “Temos hoje uma situação bastante diferente. Criamos mecanismos para evitar que a situação se repita. Não há motivo para alarde”, garantiu Hubner.
O ministro citou como principal mecanismo o funcionamento das térmicas, que geram energia a gás natural. Hubner afirmou que a medida preventiva, adotada desde 12 de dezembro, seria suficiente para garantir o atendimento da demanda. “Por segurança, as térmicas funcionam mesmo com a gente correndo o risco de gerar energia acima do necessário e ter de desperdiçar água”, afirmou.
Os dados mais recentes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que o nível de água nos reservatórios do Nordeste no último dia 7 era de 27,04%, enquanto nos do Sudeste e Centro-Oeste de 44,73%. Apesar de inferiores aos níveis registrados no mesmo período do ano passado, os índices são considerados “satisfatórios” pelo ministro, diante das médias históricas.
Hubner lembrou que o período em que tradicionalmente chove mais começou há apenas dez dias e as previsões metereológicas até abril apontam, segundo ele, para uma média normal: “É neste período que 60% das águas dos reservatórios entram”.
Caso as chuvas não ocorram de modo razoável, o governo ainda teria a possibilidade de antecipar o funcionamento de mais térmicas. O ministro disse não acreditar na possibilidade de faltar gás para isso, mas admitiu, se necessário, o uso de gás destinado ao consumo próprio da Petrobras.
Questionado sobre declaração do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelmann, que disse na terça-feira (08/01) à imprensa não ser impossível um novo racionamento de energia, Hubner afirmou tratar-se de manifestação de cunho pessoal, que não reflete o pensamento geral da diretoria da agência reguladora.
O ministro ressaltou que o Comitê de Monitoramento do Setor Energético (CMSE), vai acompanhar de perto os indicadores e tomar as medidas necessárias para evitar qualquer possibilidade de racionamento. O órgão é responsável por monitorar segurança do suprimento de energia em todo o território nacional e tem reunião agendada para esta quinta (10/01).
O encontro terá a participação de representantes do Ministério de Minas e Energia (MME), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
(Por Marco Antônio Soalheiro, Agência Brasil, 09/01/2008)