BUENOS AIRES - Os apagões voltaram para ficar neste verão na Argentina. A falta de energia elétrica está afetando diversos bairros da cidade de Buenos Aires e sua região metropolitana desde o Natal. Mas, nos últimos três dias, os apagões ficaram mais freqüentes. O motivo da falta de energia é o estado do delicado sistema energético argentino, que está desde 2004 à beira do colapso. A demanda na terça-feira, 8, foi de 17.700 Megawats, nível que colocou o sistema muito perto de sua capacidade máxima atual, de 18 mil Megawats.
Esse sistema foi alvo de maiores exigências nos últimos dias devido à onda de calor que assola a Argentina. Em Buenos Aires, a população recorreu em massa ao ar condicionado e ventiladores para tentar paliar os efeitos de 42 graus de sensação térmica.
Os apagões atingiram os bairros portenhos de Caballito, Floresta, Liniers, setores de Palermo e Belgrano. Na Grande Buenos Aires foram afetados os municípios de Olivos (onde está a residência presidencial), Vicente López, Pilar e Lanús, entre outros. No interior do país também sofreram apagões as províncias do Chaco, Formosa, Entre Ríos e Corrientes.
O governo da presidente Cristina Kirchner, que herdou a crise energética do governo de seu antecessor e marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, exigiu ao setor industrial que reduza seu consumo energético. No inverno, quando o país foi atingido pela primeira grande crise energética em 18 anos, o racionamento de energia para as indústrias provocou uma queda de produção industrial de 0,1% em junho e de 2,1% em julho.
Precavidas, diversas empresas adquiriram tanques de gás e geradores para enfrentar a eventualidade de uma nova crise. Desde meados de 2007, esperava-se que no início de 2008 ocorreria mais uma crise energética. O governo de Cristina Kirchner também importou energia elétrica do Brasil. Na terça, a importação foi de 300 Megawats.
Os analistas indicam que, se os apagões tornaram-se mais freqüentes, o governo Cristina corre o risco de ser alvo de protestos, especialmente os "panelaços", o modo preferido da classe média portenha.
(Por Ariel Palacios,
Estadão Online, 09/01/2008)