Cerca de R$ 30 milhões estão orçados para obras. Entre elas, a construção de novas ETEs no 1º semestre

Caxias do Sul - Diante de todos os apelos ecológicos evidenciados nos últimos tempos, torna-se contrastante saber que Caxias do Sul possui apenas 12% do seu esgoto tratado. Há quatro anos, segundo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), esse número era de apenas 4%.

Para 2008, a meta do Samae é dar continuidade ao Plano de Despoluição dos Arroios e elevar esse índice para 86% até 2012. Na prática, significa investir na construção de novas estações para obter um crescimento anual próximo dos 17,2%. É um objetivo bastante ousado para quem conseguiu incrementar o tratamento de esgoto em 2,6% por ano, desde 2005.

- Não teremos dificuldades para alcançar nosso objetivo, pois temos investido cifras crescentes. Para 2008, estão orçados R$ 30 milhões às obras. Esses 86% de esgoto tratado não são promessa, porque os projetos existem, os recursos também e as obras já se iniciaram - aponta Marcus Vinícius Caberlon, diretor- geral do Samae.

Comparado ao ideal, os números atuais de Caxias do Sul podem parecer insuficientes. Porém, quando relacionados ao resto do Brasil, transformam-se em um índice dentro de um patamar aceitável. Em todo território nacional, segundo estudo do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), vinculado ao Ministério das Cidades, utilizando dados de 2006, são tratados apenas 32,2% dos 48,3% de esgoto coletado. Na região Sul, 28,2% dos 35,2% recollhidos têm tratamento.

De acordo com essa pesquisa, em 2006 Caxias do Sul tratava 8,23% dos 78,73% que coletava.

- Quando esses cinco sistemas (Pinhal, Belo, Pena Branca, Samuara e Tega) estiverem funcionando, agregados aos 12% que temos hoje, chegaremos a 86% - projeta Caberlon.

Em 2006, umas das poucas cidades que atingiu os 100% de tratamento de efluentes foi Gravataí, na região metropolitana. Lá, todos os 48,12% do esgoto coletado eram tratados.

Caxias busca ingressar nesse caminho. Considerando 2007 como o ano do saneamento, o Samae divulga balanço mostrando ter investido R$ 120 milhões no Plano de Despoluição dos Arroios (projeto de tratamento de esgoto e recuperação de córregos que atravessam a cidade). A inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Cânyon, em dezembro, foi uma das mais importantes do ano. Com a unidade operando, o município elevou de 10% para 12% a capacidade de tratamento.

O Samae começa as obras do Sistema Samuara já na próxima terça-feira, dia 15. Outras quatro importantes estruturas passam por licitações e devem começar a sair do papel ainda nesse ano: Pinhal II, Belo, Pena Branca e Tega II.

(Por Fábio da Câmara, O Pioneiro, 09/01/2008)