Situação crítica dos reservatórios das hidrelétricas preocupa agência, que não descarta dificuldades para 2008 O governo já admite racionamento de energia em 2008. A situação crítica dos reservatórios das hidrelétricas levou ontem o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, a afirmar que 'não é impossível' que o Brasil passe por um novo racionamento de energia neste ano. 'Não estou dizendo que vai ter problema. Não é impossível haver um racionamento este ano, mas o mais provável é que não tenha', disse Kelman.
O governo também deveria fazer campanhas para estimular a população a economizar recursos energéticos, sugeriu Kelman. A segurança no abastecimento de energia vem sendo questionada nos últimos dias por causa da redução do nível dos reservatórios de água das hidrelétricas. Nas regiões Sudeste/Centro-Oeste, por exemplo, os lagos das usinas estão operando com menos de 45% da capacidade. A escassez de chuvas, em pleno período 'molhado', fez com que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ordenasse o acionamento de todas as termelétricas disponíveis. Em São Paulo, a diretora-executiva da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Patrícia Arce, afirmou que as empresas do setor estão preocupadas com a estiagem que faz com que em janeiro o nível de chuvas tenha atingido o patamar mais baixo em 76 anos. 'Os problemas de abastecimento de energia que o país poderia registrar em 2009 agora podem ocorrer já em 2008', comentou. Segundo ela, a situação da queda do nível dos reservatórios do Sudeste e do Nordeste é tão séria que se as chuvas surgissem a partir da próxima semana, só no final de março a situação ficaria normalizada.
Na avaliação da executiva, a estiagem provocou efeitos imediatos no mercado à vista de energia elétrica, pois o preço do megawatt/hora, que atingiu a média de R$ 100,00 em 2007, subiu no começo do ano para R$ 240,00 e chegou esta semana à marca de R$ 475,00. 'É possível que o governo adote algum tipo de racionamento. Neste contexto, eventualmente pode ocorrer um direcionamento do gás natural que seria utilizado por indústrias para o consumo da população. Se isso ocorrer, esperamos que a Petrobras possa vender óleo combustível às empresas que são grandes consumidoras de energia pelo mesmo preço do gás natural, que hoje é mais barato do que o óleo', destacou.
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Correio do Povo, 08/01/2008)