Uma equipe de cientistas do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts, na sigla em inglês) identificou um mecanismo da gripe aviária que pode fazer a doença passar de um mal raro e fatal para uma pandemia que pode matar milhões de pessoas, informou a revista "Nature Biotechnology".
Em artigo publicado pela revista, os pesquisadores afirmam que o formato de certas estruturas do vírus pode ser o elemento crucial para a transmissão da doença a seres humanos.
A forma destas estruturas nas aves se equipara ao formato de moléculas de açúcares presentes nas vias respiratórias dos animais, permitindo que a infecção se propague.
Esses açúcares agem como conectores: quando uma partícula viral encontra uma célula, ela se liga à molécula de açúcar e a usa como ponto de entrada para a infecção.
Uma vez que o vírus esteja dentro da célula, ele se replica e se propaga para outras células.
Nos humanos, as formas são diferentes, mas se o vírus sofrer mutações, a infecção pode se transformar em uma pandemia, dizem os autores.
Linhagens - Ram Sasisekharam, biólogo celular do MIT, e seus colegas estudaram duas linhagens do vírus da gripe aviária que podem ser passadas de aves para seres humanos, H3N2 e H1N1 - esta última estreitamente relacionada ao vírus que causou a epidemia da gripe espanhola em 1918.
Desde a descoberta de um foco de gripe aviária em 1997, em Hong Kong, o vírus H5N1 se propagou rapidamente por todo o mundo, primeiro em aves de curral e depois em aves silvestres.
A doença matou milhões de animais em 66 países, a maioria desde 2003, mas o vírus ainda não sofreu mutações suficientes para se transformar em uma causa de doença comum entre humanos.
H5N1 - Apesar de o H5N1 não ser de fácil contágio entre as pessoas, ele já provou sua letalidade: dos 348 indivíduos infectados desde 2003, 216 morreram.
A descoberta dos cientistas do MIT permitirá que autoridades de saúde detectem variantes do H5N1 que sejam capazes de contagiar humanos para, desta forma, desenvolverem vacinas e remédios mais específicos, antecipando-se a focos da doença.
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Ambiente Brasil, 09/01/2008)