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crise energética
2008-01-08

Estudo aponta risco de racionamento de energia se estiagem prosseguir, por excessiva dependência de hidrelétricas

A excessiva dependência das hidrelétricas é apontada por relatório da consultoria internacional Frost & Sullivan como principal fator de risco ao setor energético brasileiro. O documento, assinado pelo consultor Jorge de Rosa e divulgado no fim de 2007, alerta para o risco de racionamento antes de 2010, caso a estiagem prossiga.

Como não há tempo hábil para novas obras nem gás para gerar todas as térmicas, dizem especialistas, no curto prazo o País terá de contar com "a ajuda de São Pedro".

"Parte importante da solução passa por uma maior diversificação da matriz energética", diz Rosa, que defende maiores incentivos a fontes alternativas, como biomassa, eólica e nuclear. Em 2005, por exemplo, 91% da capacidade geradora de energia do País era proveniente de hidrelétricas.
Mesmo as alternativas atuais não têm se mostrado eficazes, pois não há gás natural suficiente para gerar todas as térmicas. A expectativa é de disputa cada vez maior entre os diversos consumidores do combustível. "É um momento de estresse dos mercados de energia e, principalmente, de gás, que será disputado pelos setores industrial e energético nos próximos meses", aponta o professor Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos em Energia Elétrica da UFRJ (Gesel).

"Os estudos probabilísticos já indicam que, devido ao fenômeno La Niña, as chuvas ficarão abaixo da média este ano", diz Castro, que concorda com a tese da diversificação energética. "O modelo brasileiro é econômico e racional, mas é imprevisível." Em 2007, por exemplo, os reservatórios das hidrelétricas entraram o ano em níveis baixos, mas as chuvas de verão foram suficientes para reabastecer as barragens. Em alguns casos, o ONS chegou a determinar a abertura de comportas para evitar danos às usinas.

Agora, as chuvas nas regiões Sudeste/Centro-Oeste estão em um nível equivalente a 53% da média histórica dos últimos 76 anos. No Nordeste, a situação é pior: 50% da média histórica. A região vem sendo abastecida com energia gerada no Sudeste e no Norte. No Nordeste, o ONS está usando usinas a óleo diesel, que foram construídas como seguro-apagão no período do racionamento.

Segundo os técnicos ouvidos pelo Estado, a primeira conseqüência da falta de chuvas será o aumento do preço da energia. Para Rosa, a elevação nos próximos anos deve ser de pelo menos 15%. "A percepção do mercado é de que haverá, sim, insuficiência de energia e tal carência impactará fortemente o preço da energia elétrica no futuro", diz documento divulgado pela consultoria. "Certamente teremos aumento de preços. Mas é melhor uma tarifa mais cara do que não ter energia", declara o professor da UFRJ.

(Nicola Pamplona, O Estado de São Paulo, 08/01/2008)


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