O superintendente do Incra no Estado, João Bosco de Moraes, reconheceu que 2007 não foi um bom ano para a reforma agrária, mas faz uma leitura do setor diferente do MST. Na avaliação de Moraes, além da desapropriação de áreas importantes, que vinham sendo reivindicadas há muito tempo, ocorreram melhorias na qualidade dos assentamentos existentes.
João Bosco de Moraes disse que somente no final do mês, após a divulgação dos dados nacionais pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, poderá dar publicidade aos números sobre desapropriações e assentamentos de famílias em Mato Grosso. "Não trabalhamos só com MST", observou ele, citando outros movimentos de defesa da reforma agrária, como MTA (dos Trabalhadores Acampados), Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), CPT (Comissão Pastoral da Terra) e Quilombolas (remanescentes de escravos.
Moraes, porém, adiantou que em 2007 o Incra firmou convênio com mais de 30 prefeituras repassando pouco mais de R$ 30 milhões para abertura de novas estradas e recuperações de outras, bem como construção de escolas em assentamentos mato-grossenses. Além de R$ 104 milhões de fomento habitacional e R$ 5 mil por família para recuperação e melhorias das casas em que moram nos assentados.
"Precisamos saber o que é assentamento para o MST", completou Moraes. Para o governo, a instituição de um novo assentamento é considerada no momento em que o Incra decreta a área para a reforma agrária, a justiça faz a imissão na posse e se define o movimento a ser beneficiado e o número de famílias atendidas.
O ano de 2007, avaliou o superintendente, não deixou boas lembranças para ninguém no setor da reforça agrária. Primeiro porque o orçamento demorou para ser aberto, o que ocorreu somente em maio, quando os servidores do órgão estavam em greve.
A greve, lembrou ele, durou mais de dois meses e terminou com corte de pontos e sem ganhos salariais, o que por um tempo deixou os servidores desmotivados para o trabalho.
(Diário de Cuiabá, 07/01/2008)