Elda Alvarenga, uma das coordenadoras do Coletivo Capixaba de Apoio ao Fórum Social Mundial, destaca a monocultura do eucalipto, os movimentos agrários e a violência urbana como alguns dos problemas que precisam ser discutidos no Estado. “O crescimento da monocultura do eucalipto tem sido uma ameaça constante”, diz ela.
Destaca que a ameaça atinge “principalmente as comunidades indígenas e quilombolas, que têm suas terras tomadas ou no mínimo prejudicadas por essa monocultura. Esse excesso tem ameaçado e destruído também as reservas de mata atlântica do Estado. Com relação à violência urbana, nós não temos um governo hoje que garanta segurança pública à população”.
De 19 a 26 de janeiro, o Coletivo promove uma série de debates para tratar essas e outras questões durante o Fórum Social Capixaba.
Elda Alvarenga também aponta as dificuldades enfrentadas pelos movimentos agrários e pelos pequenos agricultores, que são prejudicados pela monocultura do eucalipto, a seu ver uma ameaça real à produção de alimentos no Estado.
Outros temas devem ser debatidos este ano no Fórum Social Capixaba (veja programação abaixo), que depois de dois anos paralisado está sendo retomado pelo Coletivo Capixaba de Apoio ao Fórum Social Mundial, movimento que foi criado em 2001 pelos representantes de movimentos sociais e sindicais que, depois de participarem da primeira edição do Fórum Social Mundial (FSM), decidiram trazer a discussão para o Espírito Santo.
“Durante os três primeiros anos o Coletivo Capixaba funcionou de forma muito efervescente. Promovíamos reuniões mensais, eventos, debates. Chegamos a fazer três edições do Fórum Social Capixaba (FSC)”, lembra Elda. Entretanto, a coordenadora do Coletivo explica que houve em seguida um recrudescimento e o FSC começou a se rearticular novamente no segundo semestre de 2007. Segundo ela, essa proposta policêntrica (descentralizada) do FSM 2008 favoreceu a retomada das discussões e mobilização de novas pessoas e organizações. “Voltamos a nos reunir e já conseguimos juntar um grupo novamente. O que chama a atenção e que agora existe um grupo maior de pessoas da sociedade civil participando”.
Acordo com o capital
Na avaliação de Elda Alvarenga, o governador Paulo Hartung conseguiu construir uma imagem positiva junto à população, mas nada tem efeito para se aproximar dos movimentos sociais e ouvir suas demandas. “Ele tem vendido para a sociedade essa imagem de bom moço. Óbvio, ele pegou o Estado em uma situação caótica e fez o que qualquer governante teria obrigação de fazer, que é colocar o salário do funcionalismo em dia. Agora ele aparece como salvador da pátria atrás desta bandeira de estar criando ‘Um Novo Espírito Santo’. Eu pergunto: o que existe nesse governo de substancial? Que novo Espírito Santo é esse?”
Para Elda, o governo Hartung está cada vez mais distante das demandas sociais e mais próximo dos interesses das transnacionais. “Este é um governo que não dialoga com os movimentos sociais. Muito pelo contrário, é um governo que mantém o acordo com o capital”, critica.
Marcha
O Conselho Internacional do Fórum Social Mundial definiu que, em janeiro, não haverá um evento centralizado. O que vai haver é uma semana de mobilização e ação global, marcada por um dia de visibilidade mundial no dia 26 de janeiro que é a realização da marcha, que deve acontecer simultaneamente em vários países.
“A marcha é a culminância de todos esses movimentos organizados em diversas partes do mundo. Aqui a concentração da marcha acontece às 9h do sábado (26) na avenida Jerônimo Monteiro, em frente o cais do porto. Dali a marcha segue até a Praça Oito. Lá os diversos movimentos vão poder se manifestar, além disso, haverá atividades culturais como teatro de rua, capoeira, congo e outras apresentações artísticas para chamar a atenção da população”.
(Por José Rabelo, Século Diário, 08/01/2008)